Thiago Bronzatto
Clube carioca conseguiu montar time campeão com estratégia de marketing agressiva, conquista de novos patrocínios e venda maior de camisetas.
Quem acompanhou de perto os bastidores do Flamengo ao longo deste ano, sabe que o grito de "é campeão" saiu acompanhado por um "ufa, ainda bem". A conquista do quinto (havia na reportagem original “sexto”) título do Campeonato Brasileiro custou caro para os cofres do clube, cuja dívida se aproxima de 350 milhões de reais. No fim do ano passado, o rubro-negro arrecadou 118 milhões de reais. Mas, as despesas chegaram a 116 milhões de reais. Esse valor, somado aos juros da dívida, representou um rombo de três milhões de reais no orçamento do clube em 2008. Com esse balanço, o grupo com a maior torcida do país começou o ano na segunda posição do ranking de 21 times com maiores dívidas, atrás apenas do seu rival Vasco (378 milhões de reais).
Para reverter esse resultado negativo, a grande estratégia do rubro-negro foi investir em marketing, para atrair patrocinadores dispostos a injetar dinheiro no clube. Para tanto, dirigentes do Flamengo resolveram trazer um nome de peso ao elenco que disputaria a temporada 2009. A primeira tentativa de assédio, em dezembro de 2007, foi com o jogador brasileiro Ronaldo. Foi prometido ao camisa 9 um salário de 400 mil reais mais uma porcentagem sobre o valor arrecadado com publicidade estampada na roupa do time. Uma equipe de vinte pessoas trabalhou na elaboração de uma proposta que pudesse arrancar um "sim" do Fenômeno. Mas, no fim, ela foi batida pelo Corinthians. A partir daí, o clube passou a procurar outro atleta de prestígio.
O nome de Adriano, que já era cotado entre conselheiros do Flamengo, ganhou maior destaque depois de uma conversa entre representantes do clube e o empresário, Gilmar Rinaldi. Aproveitando a infelicidade do jogador na Itália, dirigentes do rubro-negro reformularam a proposta feita a Ronaldo e a enviaram ao craque de 29 anos de idade. Entre outras ofertas, constava uma participação de 10% de royalties na venda de camisas com o nome do atleta, além de um salário de aproximadamente 370 mil reais - cerca de um sétimo do que ele recebia na Inter de Milão. Mas o que definiu a efetivação desse acordo foi a vontade do jogador de querer ficar perto de seus amigos e familiares, no Rio de Janeiro.
Segundo fontes que participaram da negociação, o nome de Adriano atraiu os patrocínios das marcas Olympikus, Ale e Bozzano (da qual atualmente Ronaldo é garoto-propaganda). As três juntas têm contratos que somam cerca de 49 milhões de reais. Desse montante, desconta-se 200 mil reais mensais do salário do atacante, pagos pela Olympikus que virou fornecedora oficial de materiais esportivos para o Flamengo.
De janeiro a novembro, foram vendidas 932 mil peças têxteis com a marca rubro-negra, sendo 55% a mais do que a média do mercado. Do total de materiais esportivos comprados, 80% são camisetas com o número 10, do jogador Adriano. Só para ter uma noção da jogada de marketing do clube: cada camiseta custa entre 140 e 150 reais, sendo que, deste valor, oito reais ficam com o Flamengo. Ou seja, até agora o clube faturou cerca de 8,3 milhões de reais só com vendas de camisetas com o nome Adriano - cerca de quatro vezes mais do que a venda total de camisas em 2008. E como consta no contrato do atleta, cerca de 830 mil reais de royalties irão para o bolso do atacante, artilheiro do Brasileirão com 19 gols, ao lado de Diego Tardelli, do Atlético Mineiro.
"Quando o Real Madrid contratou o Kaká e o Cristiano Ronaldo, o clube espanhol vendia uma camisa a cada 18 segundos. Desde primeiro de julho, estamos vendendo uma camisa a cada 14 segundos. Nesse caso, a única diferença entre o Flamengo e o Real Madrid é que os dirigentes espanhóis recebem em euro", diz o diretor-executivo de marketing do clube rubro-negro, Ricardo Hinrichsen.
A expectativa de alguns dirigentes é de que a receita do Flamengo neste ano seja 10% superior a de 2008, quando foram contabilizados 118 milhões de reais. Apesar de parecer um valor interessante, está longe de ser o suficiente para sanar as dívidas com credores e investir mais no time. No ano passado, o São Paulo, embalado por ações de marketing, arrecadou cerca de 160 milhões de reais. No mesmo período, o Internacional faturou 142 milhões de reais, explorando a estratégia de divulgação de sua marca. Tanto um como o outro foram campeões mundiais e permaneceram no topo da tabela nos dois últimos campeonatos nacionais. É uma jogada que dirigentes do rubro-negro pretendem repetir em 2010.
Pois é, quem acredita e realiza, colhe os frutos. Será que teremos dirigentes com esta coragem aqui nos nossos clubes? Espero que sim, do contrário nunca passaremos de meros coadjuvantes e comentaristas de fracassos e mentiras.
Um comentário:
GOSTEI DESSE DOCUMENTARIO, BEM BOLADO, O FLAMENGO E GRANDE, TEM UMA ENORME TORCIDA, MAIS NÃO CONSEGUE USAR ESSA TORCIDA COMO O CORINTHIAS.. ACORDA DIRIGENTES.
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