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8 de dezembro de 2009

"O Brasil poderia ser a NBA do futebol".



Para o economista e presidente do Palmeiras, os clubes são os que menos ganham hoje com o futebol no país.


Tiago Maranhão


Um estudo realizado pela Casual Auditores mostrou que a receita dos dez maiores clubes do Brasil cresceu 7% no último ano, chegando à marca de 1,1 bilhão de reais. A má notícia é que oito desses times terminaram 2008 no prejuízo -- apenas Corinthians e São Paulo obtiveram algum lucro no período. O economista e presidente do Palmeiras, Luiz Gonzaga Belluzzo, explica por que o futebol brasileiro se transformou num péssimo negócio.


1) A que o senhor atribui esse péssimo desempenho financeiro dos clubes de futebol brasileiros?
O futebol no Brasil não é um bom negócio. Há muito dinheiro envolvido, mas não para os clubes. Quem realmente fatura alto são os intermediários do esporte, como os empresários de jogadores e a televisão.


2) No "país do futebol", o futebol não deveria ser um bom negócio?
Sem dúvida. Mas os clubes ainda apostam na venda de jogadores para pagar suas contas. Em média, 30% do faturamento dos clubes saem da venda de jogadores. Quando esses atletas vão para clubes como o Real Madrid ou o Milan, tudo bem. Difícil é engolir quando vão para a Turquia e outras economias menores que a brasileira. O certo seria vender o espetáculo, não o jogador.


3) Por que é tão difícil que isso aconteça?
A frase que resume o que há de pior na cultura do futebol brasileiro é a famosa "sempre foi assim, não dá para mudar". Clubes que faturam mais de 100 milhões de reais por ano não podem mais tratar seus negócios de maneira amadora.


4) Que modelo o senhor sugere?
O clube deveria apresentar um orçamento antes de começar a gastar de forma irresponsável. E precisa haver algum tipo de punição esportiva para os clubes que não mantêm as contas em dia, como perder pontos ou mesmo ficar fora de uma competição.


5) Esse formato já existe em outros países?
Na Europa há uma tentativa de fazer isso, mas lá também se gasta mais do que se arrecada e a maioria dos clubes tem déficits consideráveis. Melhor é o sistema das ligas americanas, como a NBA, em que os times só podem gastar depois de comprovar que têm condições.


6) O Brasil tem potencial para repetir no futebol o sucesso do basquete americano?
A realidade de hoje faz parecer muito difícil, mas acredito que com um trabalho focado nos resultados no médio e longo prazo o Brasil poderia ser a NBA do futebol.


7) A Copa do Mundo de 2014, no Brasil, poderá trazer benefícios ao futebol nacional?
O torcedor brasileiro certamente ficará mais exigente depois da Copa. Porque todos os estádios brasileiros são precários, sem exceção, em termos de acesso, conforto, segurança e por aí vai. O perigo é fazer obras desnecessárias com dinheiro público e deixar elefantes brancos espalhados pelo país.





Estamos escrevendo há muito tempo sobre o amadorismo que impera na direção dos nossos clubes e ainda bem, que agora conto com o respaldo de um grande economista e presidente de um dos grandes clubes brasileiros.


Só que nesta pequena entrevista do Belluzo, ele omite que os empresários do futebol existem por criação dos próprios dirigentes, “amadores” ou de índole duvidosa, porque se estudarmos o Corinthians Paulista, veremos que seu antigo presidente ajudado por empresários, saqueou o clube, e exemplos iguais a este podemos escrever aos montes.


Pessoas que chegam à presidência com outros interesses, além de serem amadores como gestores de futebol, aproveitam-se das oportunidades onde os clubes são administrados “amadoramente” e metem literalmente a mão. Alguns ainda conseguem manter alguma aparência, mas a maioria acaba com o patrimônio e deixa um rastro de prejuízos.


Teremos o futebol AC (antes da Copa de 2014) e DC (depois da Copa de 2014), quem não se preparar, vai sair do futebol profissional, como o nosso Santa Cruz, Bahia, Fortaleza, Remo, Payssandú, CSA, CRB, Sergipe, ABC, e muitos outros.


E na Europa, existem sim, clubes com história de sucessos, vejam o Bayern de Munique que há 17 anos tem lucros, transferindo ou não seus atletas. Tudo é uma questão de conhecimento era muito bom que qualquer um pudesse ser; “ator”, “jogador”, “cantor”, “economista”, “médico”, “engenheiro” ou qualquer outra profissão, sem se preparar adequadamente para tal, e ter Certificados, Diplomas, MBAs,Doutorados e outros cursos, para ser uma pessoa bem sucedida. Como se faz para ser presidente de um clube, em alguns casos nem precisa ter dinheiro, apenas amizades, boa conversa e “voilá”.

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