Páginas

21 de julho de 2009

FORMAÇÃO DO ATLETA DESDE A BASE ATÉ O PROFISSIONALISMO.


Ontem mais uma vez assistimos uma equipe bem preparada dentro do campo, perder novamente por destempero emocional dos seus atletas. Nos últimos 12 meses estamos presenciando este fato se repetir em pelo menos em 4 grandes clubes brasileiros.


Lembro-me do fato de um grande Técnico brasileiro ter sido perguntado se em sua equipe de profissionais havia um na área da Psicologia, e foi prontamente rechaçado está idéia, falou, “para que isto! não trabalho com doidos”. Até que ponto isto é importante na preparação pré- jogo, na construção de um comportamento adequado, estruturado para emocionalmente enfrentar-se qualquer situação nesta partida de decisão.


Alguns anos atrás este mesmo Técnico através de um “jornalista”, (vejam que ele usou um profissional da área) publicou um livro referente à sua tríplice conquista no campeonato mineiro (foi Campeão Estadual, ganhou a Copa do Brasil e finalmente o Campeonato Brasileiro da 1ª. Divisão Nacional). Onde mostrava o que foi feito além do trabalho organizacional de preparar a equipe fisicamente e tecnicamente no campo, o trabalho de bastidores quanto à motivação do grupo em suas preleções motivacionais de que tanto se gabam os técnicos brasileiros que querem ser de tudo (pai, mestre, professor, psicólogo, amigo e acima de tudo “comandante”) com seus atletas. Li o livro várias vezes e senti um grande impacto em ver que as palestras emocionais da famosa “preleção” são em sua maioria palavras destinadas a pessoas sem estrutura; sem estudo; sem conhecimento; sem preparo; palavras duras e de baixo teor educacional, mostrando a baixa qualidade intelectual do grupo ou a presunção do professor em manter em baixa a auto estima dos seus próprios comandados.


Mas infelizmente não temos ou vemos a presença do Psicologo, que deveria ter, em um grupo profissional de trabalho que lida com grupo de pessoas diretamente, além dos indiretos (familiares), etc., nesta area da medicina que se pode prevenir ou reparar os danos. Onde temos pessoas que não tiveram uma educação familiar adequada e até mesmo normal, pois a maioria vem de famílias pouco abastadas e humildes, todos nós sabemos que a maioria dos jogadores profissionais brasileiros vem da periferia. Nem todos tiveram a chance de vir de famílias como às de Kaká, Diego e outros poucos exemplos de famílias bem estruturadas e com grau de conhecimento de classe média alta, tendo inclusive freqüentado bons colégios em sua infância, a maioria não teve nem condições de estudar o básico e mal sabem assinar seu próprio nome. Mas são tratados como ídolos, estrelas, mal preparadas para receber este tratamento e muitos se dão mal, andam como falamos no meio dos boleiros, de “salto alto” ou “mascarados” e acabam não tendo o sucesso que poderiam ter, por jogarem um belo futebol.


Temos noticias de que até pouco tempo quem fazia este trabalho na própria Seleção Brasileira era um profissional de outra área, hoje sei que mudaram (ainda bem) e este lugar é preenchido por um Psicólogo de fato e de direito. Mas nos clubes de futebol profissional brasileiros não se incorporou ainda esta mentalidade de se cuidar do extra-campo, do emocional do atleta bem como até de sua família, na preparação deste profissional para poder render mais dentro do campo, hoje sabemos que tudo isto influi e contribui para uma melhor condição de jogo.


Temos lido e presenciado que em Países que não tem o mesmo nível de futebol que o nosso, se destacam justamente cuidando de todos os aspectos dentro e fora do campo, emocional e educacional do futuro atleta. Eles têm nas suas escolinhas, além de técnicos de futebol onde tratam o esporte como uma ciência exata, ensinando até o drible, o passe, a firula e outras características que aqui cada um desenvolve de acordo com sua imaginação; médico, dentista, nutricionista, psicólogo, fisiologista, fonoaudiólogo e até professor de marketing para que o futuro atleta tenha realmente sucesso em sua carreira profissional.


Chegam a filmar todas as situações diárias para se discutir posteriormente e corrigir certas atitudes ou até mesmo a falta delas. Temos conhecimento de que as divisões de base dos nossos grandes clubes brasileiros não dispõem ao menos de médicos para cuidar da saúde dos garotos que ali estão diariamente e muito menos um gabinete odontológico para este atendimento e que os garotos têm que trazer um “atestado de saúde” passada por outros profissionais que não sabem para que se deva este mesmo certificado e que certamente não iriam/irão olhar o que realmente deveriam, para atestar uma boa condição de este menino praticar o futebol. Tampouco dispõem de refeitório e de um profissional do ramo, qualificado para tal, ou seja, falta tudo em termos de estrutura organizacional para desenvolvimento deste futuro atleta profissional do clube e quem sabe, de até mesmo, ser a salvação das finanças desta organização e de seu próprio destino.


Pois é, vimos ontem mais um título ser ganho em nossa casa, o Cruzeiro desmoronou em frente aos Estudiantes, novamente, “amarelou”, este é o termo usado no Brasil, pois temos que lembrar o Fluminense, que também para nossos “hermanos”, caiu em pleno Maracanã por despreparo emocional, mais do que qualquer outro motivo. E temos o exemplo do Internacional, na Copa do Brasil, tido por muitos como o melhor time do Brasil na atualidade, faltou àquela preparação da chegada, muitíssimo importante para todos.


Tenho que falar ainda no nosso Sport Clube do Recife que não teve o preparo adequado para enfrentar o Palmeiras e desmoronou ante a cobrança de pênaltis que alguns alardeiam como sendo uma “loteria” ou até mesmo de fator “sorte”, e que todos nós sabemos não é nada disto. Esta modalidade de se decidir um jogo e até uma competição/campeonato, ou seja, lá o que for, faz parte do jogo e quem melhor se prepara sai vencedor. Soubemos que o Técnico do Sport, no dia do jogo fez um treinamento de 45 minutos para este tipo de decisão e o que vimos, foi um bando de atletas despreparados para decidirem o jogo na cobrança de penalidades e um goleiro do outro lado (chamado por muitos de São Marcos) justamente por se preparar melhor que outros profissionais de sua posição, saltar antes do juiz apitar e barrar a entrada da bola em seu gol, mesmo sabendo-se que as cobranças foram muito mal executadas e que a atitude dos cobradores era de um completo desanimo, dando a entender que já haviam perdido, mesmo antes de baterem na bola. Faltou uma construção de pré-jogo nesta preparação tão importante e interessante a todos envolvidos nesta disputa e até hoje a equipe sente o drama.




Nenhum comentário:

Postar um comentário