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22 de outubro de 2014

Lentidão e impunidade banalizam processos contra torcidas organizadas

Pancadaria entre torcidas organizadas antecede um clássico do futebol paulista. Imprensa repercute o número de envolvidos, feridos e até mortos. Ministério Público de São Paulo indicia as uniformizadas identificadas na briga, sinalizando multa e extinção como punições cabíveis. O filme, cujo fim tende a acabar em impunição, voltou a se repetir.  
O Ministério Público de São Paulo indiciou as organizadas Mancha Alviverde, do Palmeiras, e Torcida Jovem, do Santos, após briga registrada na rodovia Anchieta no último domingo. Apoiadas em um histórico de impunidade e postergação judicial, as uniformizadas, no entanto, parecem não se intimidar com a quantidade cada vez maior de processos a que respondem na Justiça.
Passíveis de multas e até extinção por cada uma das confusões pelas quais são consideradas responsáveis, as principais torcidas organizadas do estado de São Paulo costumam escapar ilesas das punições impostas por Poder Público e federações de futebol. Nem mesmo as brigas com vítimas fatais resultam em penalizações efetivas para as uniformizadas.
Segundo Roberto Senesi Lisboa, da Promotoria de Justiça do Consumidor de São Paulo, Mancha Alviverde, Torcida Jovem e Gaviões da Fiel, principais organizadas de Palmeiras, Santos e Corinthians, respectivamente, respondem hoje a inúmeros processos, que se arrastam por anos na Justiça.
A Gaviões da Fiel, por exemplo, já foi condenada a pagar multas, mas está se esquivando de quitar tais dívidas com a Justiça. Diante do "calote" da uniformizada, o MP de São Paulo procura bens da maior organizada do Corinthians para serem penhorados. Segundo Senesi, a torcida alvinegra não paga contas, o que dificulta a aplicação da lei.
A Torcida Jovem do Santos, por sua vez, está sendo investigada, juntamente com a Gaviões da Fiel, pela briga ocorrida em agosto deste ano. Na ocasião, ambas as organizadas entraram em conflito nos arredores da Vila Belmiro, horas antes de Santos e Corinthians disputarem jogo pelo Brasileirão.
Em um dos casos considerados mais graves pelo MP, Mancha Alviverde e Gaviões da Fiel respondem, desde 2012, por banimento. O MP aguarda por mais de dois anos julgamento da ação civil pública. Na ocasião, uma briga entre palmeirenses e corintianos, na zona norte da capital paulista, deixou um morto. Ambas as uniformizadas chegaram a ser afastadas dos estádios pela Federação Paulista de Futebol, mas retornaram após por cerca de cinco meses.
Em 2011, todas as organizadas do estado de São Paulo (mais de 40, segundo Senise) firmaram com o MP um acordo de penalização em caso de flagrante de brigas. Desde então, é prevista a aplicação de multa de R$ 30 mil a uniformizadas envolvidas em confusão. Nem mesmo tal sanção, consentida pelas uniformizadas, vem sendo cumprida.
MANCHA VERDE VIROU MANCHA ALVIVERDE
Em 1997, o MP pediu a extinção da torcida organizada Mancha Verde, ligada ao Palmeiras. A alta cúpula da organizada, então, trocou o nome da entidade, banida, para Manche Alviverde, deixando os torcedores legalmente aptos a voltarem aos estádios. Para Senise, a medida do MP não foi totalmente em vão. O procurador lembrou que "a organizada precisou de uns meses para se readequar, então ficou um tempo 'de molho'".
Isto até parece uma brincadeira, culpar o nome da torcida organizada esse negócio de "multar", e até o que é pior, multarem os clubes "falidos", também. Deveria culpar sim, os dirigentes, os organizadores, seus líderes, e mete-los na cadeia, aí sim, eu quero ver eles trocarem de nome, mas, tem que realmente trancafia-los, porque da maneira que está, é trocar seis por meia dúzia.

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