Uma das melhores frases sobre Pelé saiu da pena de Carlos
Drummond de Andrade, um dos Pelés da poesia brasileira. "O difícil, o
extraordinário, não é fazer mil gols, como Pelé. É fazer um gol como Pelé".
Com toda a licença poética, permito-me uma breve adaptação. Para um jornalista, o difícil, o extraordinário, não é encontrar Pelé. É encontrar apenas Pelé.
Porque Pelé, por mais que tenha sido único, subdividiu-se em Edsons que vivem por aí, assinando contratos, tirando fotos, sendo embaixadores de empresas de todos os ramos, fechando negócios que muitas vezes, quase todas, têm pouco a ver com o futebol.
É fácil para um jornalista trombar com Edson. Basta estar na entrevista coletiva do patrocinador certo, aparecer na gravação do programa tal, ir a algum sorteio da FIFA. Não é simples, não são todos que conseguem, mas é fácil, dada a dificuldade que é encontrar o verdadeiro Pelé. O Pelé que nunca vi jogar, que muitos dos leitores deste blog conhecem apenas pelos vídeos infindáveis de gols impossíveis. O Pelé que virou Rei.
Demorou, mas eu tive a chance. Uma chance que dividi com uma
dezena de outros colegas brasileiros, não muito mais do que isso. Dei sorte: na
primeira - e até hoje única - vez que encontrei Pelé, ele estava sozinho e no
lugar em que ele pôde ser mais Pelé.
Era uma terça-feira, em Solna, cidade da "grande Estocolmo", capital da Suécia. A Olimpíada tinha acabado dois dias antes e parecia que a cota de grandes atletas estava terminada, já deu, Bolt, Phelps, LeBron, Federer, uma hora essa sequência tinha de acabar.
É, mas a sequência não havia terminado, ainda. E naquela terça-feira, soube apenas um dia antes, haveria um evento no Estádio Rasunda com vários jogadores da final da Copa do Mundo de 1958. Final disputada ali mesmo. Final que teve vitória brasileira por 5 a 2, com dois gols de Pelé, um deles com chapéu em um endurecido zagueiro sueco, aquele gol que todo mundo já viu um milhão de vezes e sempre é legal ver mais uma.
Foi ali, onde Pelé virou rei, que pude vê-lo pela primeira vez. Tenho o hábito - ou característica, não sei bem como chamar isso - de não me deslumbrar com essas coisas. Estou ali para trabalhar, vou lá, faço o meu, tento fazer o melhor possível, com um olhar diferente e que faça valer a pena o fato de estar ali, e pronto. Não foi diferente naquele dia. Não foi diferente até que eu voltasse ao Brasil, uma semana depois, e começasse a ver as fotos da cobertura.
Foi só ali, sozinho diante do visor da câmera, que tive a dimensão do que havia acontecido.
Pelé estava sorrindo, correu pelo campo, brincou com os suecos, foi até o gol em que assinou uma de suas obras primas. Pelé não foi Edson, apesar de ter tapado o símbolo da Nike na camisa da seleção, porque Edson tem contrato com a Puma.
Era uma terça-feira, em Solna, cidade da "grande Estocolmo", capital da Suécia. A Olimpíada tinha acabado dois dias antes e parecia que a cota de grandes atletas estava terminada, já deu, Bolt, Phelps, LeBron, Federer, uma hora essa sequência tinha de acabar.
É, mas a sequência não havia terminado, ainda. E naquela terça-feira, soube apenas um dia antes, haveria um evento no Estádio Rasunda com vários jogadores da final da Copa do Mundo de 1958. Final disputada ali mesmo. Final que teve vitória brasileira por 5 a 2, com dois gols de Pelé, um deles com chapéu em um endurecido zagueiro sueco, aquele gol que todo mundo já viu um milhão de vezes e sempre é legal ver mais uma.
Foi ali, onde Pelé virou rei, que pude vê-lo pela primeira vez. Tenho o hábito - ou característica, não sei bem como chamar isso - de não me deslumbrar com essas coisas. Estou ali para trabalhar, vou lá, faço o meu, tento fazer o melhor possível, com um olhar diferente e que faça valer a pena o fato de estar ali, e pronto. Não foi diferente naquele dia. Não foi diferente até que eu voltasse ao Brasil, uma semana depois, e começasse a ver as fotos da cobertura.
Foi só ali, sozinho diante do visor da câmera, que tive a dimensão do que havia acontecido.
Pelé estava sorrindo, correu pelo campo, brincou com os suecos, foi até o gol em que assinou uma de suas obras primas. Pelé não foi Edson, apesar de ter tapado o símbolo da Nike na camisa da seleção, porque Edson tem contrato com a Puma.
Pelé foi, naqueles 20, 25 minutos, o mesmo garoto que, 55
anos atrás, havia encantando o mundo naquele gramado. O garoto das imagens em
branco e preto, e são sempre as mesmas imagens, suecas sorrindo, um jogo de
dardos de costas para o alvo, o choro nos ombros de Gylmar...
Mas, naquela hora, naqueles minutos em que pisei a mesma grama que ele, as imagens foram coloridas pela história que ganhei para o resto da vida.
Daqui a uns 30 ou 40 anos, direi aos meus netos que dividi o gramado do Rasunda com Pelé, meses antes de o estádio ser demolido para sempre. Eles, curiosos, vão perguntar O senhor jogou com ele? Tabelou com ele? Ele jogava bem?
E eu direi "Mas é claro que ele jogava bem! Jogava muito bem, por isso o chamaram de Rei, ora".
E eles se esquecerão das duas primeiras perguntas.
Mas, naquela hora, naqueles minutos em que pisei a mesma grama que ele, as imagens foram coloridas pela história que ganhei para o resto da vida.
Daqui a uns 30 ou 40 anos, direi aos meus netos que dividi o gramado do Rasunda com Pelé, meses antes de o estádio ser demolido para sempre. Eles, curiosos, vão perguntar O senhor jogou com ele? Tabelou com ele? Ele jogava bem?
E eu direi "Mas é claro que ele jogava bem! Jogava muito bem, por isso o chamaram de Rei, ora".
E eles se esquecerão das duas primeiras perguntas.
Já no meu caso, vi Pelé jogar inúmeras vezes aqui mesmo no
Brasil e em Recife contra o Náutico quando ainda era um garoto, eu e ele
também, e o vi em minha cidade natal, Garanhuns, no campo do clube da AGA, onde
o Santos fez sua preparação para enfrentar o clube Pernambucano pela final do
Torneio Nacional, na época chamado de Roberto Gomes Pedrosa.
Por último o encontrei em Los Angeles por ocasião da entrega
dos prêmios pela FORD aos melhores do futebol Norte Americano, onde tiramos uma
foto e conversamos sobre os nossos encontros ele não lembrava, lógico, eu ao
contrário lembro-me de quase todos, ganhei até sua promessa de ser o
distribuidor de seu filme “Isto é Pelé”, lançado lá, mas nunca consegui
realizar isto, entraram os tubarões e simplesmente fiquei fora.
Mas até hoje tenho a felicidade de poder ligar para ele e se o
rei não puder atender, atende Pepito seu manager pessoal. Por isso e outros sou
eternamente grato ao futebol, conheço o Rei do futebol de ontem, hoje e
eternamente, o Atleta do século, o maior goleador das Copas, enfim, tudo mais e
maior é Pelé o dono. Parabéns meu Rei, VIDA LONGA AO REI DO FUTEBOL.
Comentário: Roberto
Queiroz. Tradução: Roberto Queiroz e Roberto Queiroz Junior.
One of the best quotes about Pelé came from the pen
of Carlos Drummond de Andrade, one of the skins of Brazilian poetry. "The
difficult, extraordinary, is not making a thousand goals like Pelé is to score
a goal like Pelé."
With all the poetic license, permit me a brief
adaptation. For a journalist, the difficult and extraordinary, is not finding Pelé
is found only Pelé
Because Pelé, however that was unique was divided
into Edsons who live there, signing, taking pictures, being ambassadors of
companies of all branches, closing deals that often almost of all, have little
to do with football.
It's easy to a journalist bump into Edson. Just be
at the news conference sponsor right, appearing in the recording program such, and
go somewhere draw of FIFA. It is not simple, not everyone can, but it is easy,
given the difficulty is to find the real Pelé who I never saw him play that
many readers of this blog know only by endless videos of impossible goals. The
King Pelé turned
Was late, but I had the chance. A chance to share
with a dozen of others fellows Brazilians journalists to one encounter with is not
much more than that. I was lucky: the first - and so far only - time I met
Pelé, he was alone and in the place where he could be more Pelé.
It was a Tuesday in Solna, a city of "great
Stockholm", the capital of Sweden. The Olympics had just two days before
and it seemed that the share of great athletes was finished, already given,
Bolt, Phelps, LeBron, Federer, an hour had to end that sequence.
Yeah, but the sequence was not finished yet. And
that Tuesday, just a day before I knew there would be an event at Rasunda
Stadium with several players from the World Cup final of 1958. At the final tournaments
spot. Final which took Brazilian victory by 5-2, with two goals from Pelé, one
with hard hat on a Swedish defender, the one goal that everyone has seen a
million times and it's always nice to see one more.
It was here where King Pelé turned, I could see it
first. I have the habit - or feature, I do not know how to call it - not to
dazzle me with these things. I'm there to work, go there, do my, I try to do my
best, with a different look and that makes it worth the fact that it is there and
ready. Was not different that day. It was no different until I returned to
Brazil, a week later, and began to see the photos of the coverage.
It was just there, alone in front of the camera
viewfinder, which had the size of what had happened.
Pelé was smiling, ran across the field, and joked
with the Swedes; the goal was there where he signed one of his masterpieces.
Edson was not Pelé, despite having covered the Nike symbol on the shirt of
choice because Edson has a contract with Puma.
Pelé was in there for those 20, 25 minutes, the same
boy who, 55 years ago there were wowing the world at that lawn. The boy of the
images in black and white, and are always the same images, Swedish smiling, a
game of darts with your back to the target, crying on the shoulders of Gilmar (Brazilian
Goalkeeper)...
But at that time, in those minutes that the same
grass trodden it, the images were colored by history I got for the rest of
life.
In about 30 or 40 years at front I will say to my
grandchildren that divide the lawn Rasunda with Pelé, months before the stadium
is demolished forever. They curious, they'll ask, sir, do you have played with
him? Tabled with him? He played well?
And I'll say, "But of course he played well! He
played very well, so the world called him, King, now."
And they will forget the first two questions.
Already in my case, I saw Pelé play countless times
here in Brazil and against Náutico in Recife when he was a kid, me and him
also, and saw him in my hometown, Garanhuns, (the same city that LULA have born
– Brazilian former president), the club's AGA (Association of Atletism of
GARANHUNS), where the Santos made their preparing to face the Pernambucano club
by the final match of our National Tournament at the time was called Roberto
Gomes Pedrosa.
Finally I met him in Los Angeles during the award
ceremony for the best football FORD North American Soccer League, in the decade
of 80’s where we took a photo and talked about our meetings, but he did not remember, of course, but I remember
all words unlike almost everyone got up to its promise to be the distributor of
his film "This is Pele" released there, but never managed to
accomplish this, the sharks came and I just got out.
But today I am happy to be able to call him and the
king cannot answer my call, Pepito does, his personal manager. For this reason
and others I am eternally grateful to football, I know the King of football
yesterday, today and forever, the Athlete of the Century, the top scorer of the
World Cup, everything more and more is Pelé only he is the owner of the
football in the World. Congratulations my King, LONG LIVE TO THE KING OF
FOOTBALL.
By Thiago Arantes, blogger ESPN.com.br-espn.com.br
Photos: various.
Comment: Roberto Queiroz.
Translation: Roberto Queiroz and Roberto Queiroz Junior.
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