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31 de julho de 2009

MEMÓRIAS.

Fico lembrando quando estava planejando meu retorno dos Estados Unidos, onde era havia aberto duas (2) Lojas especializadas em material de futebol, não era de "material esportivo", especializada somente no futebol ou "soccer" como eles chamam lá e também o representante da CAMBUCI S/A., fabrica brasileira que é dona da marca "PENALTY". Brazilian Soccer, era o nome da empresa, com um estabelecimento localizado na grande Los Angeles (precisamente neste endereço: 2112 Pacific Coast Hwy, Cidade de Lomita, California, CEP. 90717 - lembro-me até do número dos telefone, (213) 539 4489 e a outro em Dallas, na A-95 indo para Fort Wort, numa Galeria de Lojas, mais tarde comecei a abrir outras lojas mas já em sistema de franquias (franchise), onde abri uma para o Rildo Menezes (ex-jogador do Sport, Santos e Botafogo, entre outros), para o Beto e Molano, para Steve David e outros jogadores profissionais que jogavam nos Estados Unidos. E comecei a ver a possibilidade de abrir o mesmo tipo de negócio aqui no Brasil, mais precisamente em Olinda onde residia antes de sair do País e levei 1 ano para ter as licenças de funcionamento, depois de ter que falar diretamente com a Secretária do Município de Olinda, pois criavam empecilho para dar-me o alvará de funcionamento e lembro-me de ter conhecido um vereador da oposição que ajudou-me a conseguir falar com a própria, já que os seus ajudantes queriam dinheiro para dar-me a licença.

O que importa e interessa é que quando cheguei ao Município de Lomita, Ca., sendo um “estrangeiro”, falando um inglês com sotaque “nordestino” que, diga-se de passagem, é horrível, mas que foi entendido de primeira e com toda competência dos funcionários desta administração, recebi uma Licença “temporária” do município para abrir a loja (Alvará de Funcionamento) naquele mesmo dia e na mesma hora fui encaminhado ao departamento estadual de licença onde fui atendido e também recebi um número de funcionamento provisório da Receita Estadual (para poder comprar e vender no Estado da California), para poder funcionar perfeitamente. Sobre a Licença Federal que corresponde ao IRS, que é o nosso Imposto de Renda, isto seria feito no final de 12 meses de funcionamento. Sobre linha telefonica é ligado dentro de 24 horas. As Licenças permanentes vieram pelo correio, como aliás chegam, as licenças de carros, motos, barcos, aviões dentro de normais 25 a 30 dias.

Aqui, em nosso País, demorou mais de 12 meses para conseguir estas licenças (sei que agora deve ter mudado, pelo menos espero), pois isto foi em dezembro de 1989 para 1990. Mas mesmo assim, me criaram todo tipo de complicações, como por exemplo, eu não poderia usar o nome de “Futebol do Brasil”, como nome fantasia, tentaram explicar “que “somente grandes companhias, possivelmente todas, estrangeiras, ”holdings” poderiam usar o nome do Brasil nos seus negócios e tive que usar meus conhecimentos conseguidos na Faculdade de Direito da Universidade Católica de Pernambuco, para demovê-los desta “idéia” e finalmente ter direito a usar este nome em meu negócio. E que até hoje está funcionando perfeitamente em Olinda e Recife, mesmo com outro proprietário e ocupa simplesmente a galeria quase toda, em Olinda e outra em Boa Viagem.

Voltando ao que realmente me motivou a escrever estas memórias, o de trazer à tona a importância de usarmos o “marketing” nos negócios, aprendi que a “propaganda” é a alma do negócio (naquela Universidade que fui estudar, USC-University of Southern California e que tudo tem que ter “planejamento” com organização e métodos e acima de tudo, honestidade, juntando o conhecimento do que se vai fazer, ou você é bom naquilo a que se propõe ou então não se meta. Lembro-me de como comecei lá em Olinda, todos falavam que aquela cidade era “dormitório” e que eu havia escolhido mal começando por ali meu retorno ao Brasil e que até já existia outra loja de material esportivo em Olnda. Mas sempre acreditei no meu taco e no que havia aprendido na América do Norte para juntar aos meus conhecimentos do futebol brasileiro.

A nossa loja "FUTEBOL DO BRASIL" era a única que trazia a frase “A Loja do Profissional”, tive como clientes clubes do nordeste inteiro que vinha comprar conosco, desde times do Futsal de Sergipe até o Sport, Náutico e Santa, Ceará, ABC, CSA, CRB, América de Natal e outros, sem falar no Paulistano, Central e outros do interior Pernambucano, usei Técnicos renomados para vestirem nossa camisa, fui distribuir chaveiros e outros brindes nas frentes dos estádios em dias de jogos, e até nas torcidas, arquibancadas, distribui brindes nas rádios locais (nos programas esportivos) camisas de clubes, etc., toda semana convidava um jogador dos clubes de Recife para almoçarem comigo no Rei do Bacalhau e com isto avisava que teríamos UM JOGADOR do Náutico, Santa ou do Sport naquela tarde, para uma tarde junto aos fãs com autógrafos, fotos, etc., usando princípios que ninguém nunca havia usado aqui (nem sei se alguém usa isto, hoje, pelo menos nunca tomei conhecimento), mesmo sabendo que todos os grandes têm hoje, sua própria Loja no Clube e que isto poderia estar sendo usado para promover a venda deste material “exclusivo”, raramente se usa este artificio.

Há pouco assistimos o Clássico dos Clássicos, completando 100 anos e NADA! mal se ouviu falar, os próprios Clubes (um parece que lançou uma camisa comemorativa ??? mas que ninguém soube ??? então me pergunto, prá quê?? somente uma das Rádios que é dirigida por um antigo companheiro de faculdade, falou sobre isto, e a própria FPF ofereceu um TROFEU..... somente e passou, 100 anos de história e + de 535 jogos.....é espantoso ver isto em pleno século 21. Naquele década tentei até abrir um filial dentro do próprio Sport Clube do Recife (que depois eles mesmos abriram).

Lembro-me que consegui um Patrocinador de material esportivo para o Náutico e para o CRB (FINTA) que também consegui vestir pela primeira vez aqui no Nordeste os goleiros dos clubes nordestinos patrocinados diretamente pela UHLSPORT e REUSCH, coisa que nunca ninguém havia pensado nisto ou até conseguido, o importante é saber que se alguém perguntar aos grandes goleiros de nosso futebol da época eles poderão confirmar. Consegui também material esportivo para o clube de minha cidade natal (GARANHUNS) o SETE DE SETEMBRO, da PENALTY por duas temporadas. E vai por aí, medidas de marketing puro que na época muitos falavam que eu era um sonhador, ou mesmo um “arrogante”, querendo ser o que não era, pois a minha Loja era apenas um pequeno espaço em uma pequena galeria, que não levaria a nada, provavelmente fecharia em 1 a 2 anos de acordo com as estatisticas do SEBRAE, mas continua aberta, viva, pulsando e é motivo de muito orgulho.

Já algum tempo atrás, quando ainda estava vivendo nos Estados Unidos, inventei de enviar dois (2) jovens atletas que amavam o Brasil e sonhavam em vir aprender este oficio ser jogador profissional de futebol na terra do futebol. Vieram prá Garanhuns, prá casa de meu Pai, onde aprenderam a diferença entre o espanhol e o português e ficavam treinando nas instalações do Sete de Setembro, para em seguida seguirem para estagiar no Sport Clube do Recife. Um chegou a ser registrado como profissional pelo CSE (seu nome é DENIS) e o outro, saiu na capa de PLACAR, sentado em uma jangada com uma camisa com dois lados; Seleção Brasileira de um e Flamengo no outro. Ficou famoso, caiu na noite, encontrou outras formas de se entreter e somente se foi porque sua Mãe veio buscar (deu-me um baita dor de cabeça), então decidi encerrar esta iniciativa.

Mas isto pode e deveria ser usado, trazer não somente um garoto, mas todo o time juvenil ou profissional para estagiar aqui deixando divisas e abrindo o mercado para este clube brasileiro, que pode ganhar com hospedagem, treinamento, passagens, e muito mais. Abrirem-se escolas no exterior com a própria bandeira do clube, fazendo esta troca, como, aliás, os clubes de fora já estão fazendo aqui no Brasil, é necessário que os clubes brasileiros acordem para a realidade e a necessidade de se tornarem “profissionais” suas administrações.

Infelizmente com a violência crescente e os assaltos acontecendo, e a resistência de minha ex-mulher que não gostava de meu envolvimento com o futebol e além de querer sair de trás do balcão da loja onde eu era o principal vendedor, decidi encarar outro desafio e fui criar cavalos e gado no Maranhão e depois no Tocantins pensando que lá iria trabalhar um pouco menos, que iria fazer as coisas que mais gosto (depois do futebol) que é ir pescar e caçar prediz, ledo engano, pescar e caçar eram impossíveis, mesmo escutando o canto das perdizes toda tarde e tomando banho na águas do Araguaia, arrumar tempo para passar alguns dias pescando ou caçando nunca foi conseguido. Então as coisas tomaram seu rumo natural, veio à separação, tempo de escola pra meu filho e voltamos, para começar a vida novamente.

Estudei, conseguindo passar no exame para ser agente de jogadores licenciado e voltei ao que mais gosto de fazer, viver do futebol, bem, pelo menos estamos tentando.

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