4 de fevereiro de 2011
Parreira´s principles 7/15: in Brazil much more is possible?/O sétimo princípio de Parreira.
Se eu não fosse brasileiro e me perguntassem sobre a Copa do Mundo de 2014 no Brasil eu diria:
- Será a Copa em que os estrangeiros disputarão o jogo da final, apenas, porque o título já é do Brasil. Eles (os brasileiros) não perderão esta Copa nem que haja paz no Oriente Médio.
A meu ver, só há três possibilidades de o Brasil encarar a Copa do Mundo de 2014 e as respostas estão contextualizadas neste sétimo capítulo da série “Parreira: no Brasil é possível muito mais!”
APROXIMAÇÃO
O sétimo princípio de Parreira, inspirado na observação do Barcelona de 2010 enquanto time modelo, é o da “aproximação” [conheça ao final os demais princípios]. Os jogadores aparecem para jogar. Quem é do ramo sabe o que é isso. É não se esconder atrás do marcador (acredite, há jogador que durante o jogo utiliza este artifício, para diminuir a possibilidade de erro, no popular, “só vai na boa”).
Outra forma mais construtiva de definir o princípio da aproximação dentro de campo é cada jogador estar compenetrado no jogo, atento, se deslocando, às vezes num deslocamento pequeno, aparecendo como opção para quem estiver com a bola e assediado com voracidade pelo time adversário. Tome esta definição como uma enorme metáfora para a vida de um modo geral, no ambiente de trabalho de qualquer profissão, na sua comunidade, no bairro, ou no país, que é o nosso mote a seguir [recomendo (re) ler o capítulo anterior, sobre "não ter pressa"].
É notório que os astros estão sinalizando tudo de positivo para a Seleção Brasileira. Mas para não repetirmos Brasil X Uruguai no Maracanã em 1950 será preciso uma aproximação nacional jamais vista na nossa história. Só que hoje é diferente, não jogamos apenas uma competição de futebol.
Estamos vivendo em plena era da superficialidade, crescente. Dizemos publicamente tudo o que pensamos em 140 caracteres (ou seja, não pensamos); criamos uma rede de milhares de amigos da noite para o dia, sem conhecermos de fato nenhum deles; esquecemos de uma tragédia da mesma forma que esquecemos de um escândalo nacional envolvendo legisladores que nós mesmos escolhemos para decidir o rumo de nossas vidas; todos os canais da TV aberta no “prime time” exibem programas de sutil pornografia, e nos divertimos, ao ver uma menina de três anos de idade copiando o rebolado insinuante de uma atriz de filme porno; aceitamos um ídolo na mesma velocidade com que o descartamos; nunca neste país fomos tão superficiais, aparentemente próximos uns dos outros mas na realidade a quilômetros de distância enquanto seres humanos, ou, simplesmente como indivíduos pertencentes a uma cultura particular.
Isso tudo representa o risco de perdermos a chance não apenas de ganhar uma Copa do Mundo, mas de virarmos uma página da história em que marcamos passo há mais de 500 anos.
Está chegando a hora da virada
O montante de esforço financeiro e de desenvolvimento investido na preparação da Copa do Mundo, magicamente preliminar às Olimpíadas de 2016, outro megaevento inédito, é fabuloso e suficiente para mudar o rumo da história do Brasil. E, por uma via lúdica, que pertence a nossa alma, construída originalmente por nós mesmos, uma aura que incorporamos, ao nos apropriarmos de uma modalidade de esporte bretã, a abrasileiramos, e nos tornamos o país do futebol. Da mesma forma que fizemos com o café, a laranja, a cana-de-açúcar, com a crônica como gênero literário, por fim, da mesma forma que inventamos o Samba, a Bossa Nova e o Carnaval, reinventamos o Futebol – nenhum outro jogador do mundo explora a inteligência sinestésico-corporal como o brasileiro – a nossa ginga.
Porém, tudo o mais ficou desmazelado, o europeu nos trouxe o que havia de ruim na Europa e estigmatizou nosso jeito de ser. Se não fomos sérios até hoje, é porque tivemos muita influência francesa, polaca, alemã, inglesa, italiana, espanhola, portuguesa, não herdamos nossas imperfeições de nossos Peris e Cecis. O europeu desembarcou degredados em nossas terras, para marcar o território e a exploração, transmitir doenças para nossas índias e subverter nosso índios, quando não os exterminavam. Depois trouxe suas prostitutas, a sífilis, a falsa monarquia, o falso socialismo, o falso capitalismo, somente as suas facetas maliciosas. Somos um país de maioria negra, e, se os africanos tivessem vindo para cá por livre e espontânea vontade, seríamos os maiores comerciantes do mundo, teríamos uma sociedade matriarcal, tudo seria diferente, mas vieram escravizados, como o foram em seu próprio solo, descaracterizados, pelos mesmos europeus.
Momentoso o discurso do Presidente Barack Obama, convidando os adversários políticos a aproximarem-se neste momento para os Estados Unidos que ele comparou ao do Sputnik, quando a América perdia a corrida espacial para a Rússia. Momentoso também o discurso da Presidenta Dilma Housseff, convidando todos os partidos políticos a se unirem em torno das necessidades urgentes do Brasil.
Aqui no Brasil o futebol pode produzir este milagre. Só precisamos de aproximação, a começar da imprensa, que vire o disco; em vez de procurar as polêmicas de sempre, procure as virtudes, por exemplo, da preparação do Técnico Mano Menezes; que, aliás, convidou os nossos legados do esporte, como o próprio Parreira, Zagallo e outros ao diálogo. Que a imprensa desvende os entraves que atrasam as obras dos estádios para 2014, as obras de infra-estrutura das cidades sede, dos portos, rodovias e aeroportos, as implementações necessárias, que o discurso saia do papel e desça para a grama. Que todos apareçam para jogar de verdade.
Interessa a todos nós que o Brasil seja campeão, que o Brasil mude a sua história. Precisamos da aproximação do conjunto da sociedade. Precisamos da aproximação total, que ninguém espere apenas a hora de “ir na boa”, não desta vez.
Precisamos ir com tudo. Porque só há três alternativas: ganhar, ganhar ou ganhar.
Mano Menezes começou fazendo a sua parte, com um plano de trabalho irretocável alinhado com o desejo da CBF sem deixar de privilegiar a vontade do torcedor em geral, conforme apresentação pública no mesmo evento em que Parreira revelou os princípios do Barcelona, o Footecon 2010, no Copacabana Palace. A segunda parte é obrigação dos jogadores. Eles devem ser sacudidos de dentro para fora, a partir do coração, como se vestissem as camisetas de todas as seleções vencedoras do Brasil, de 58, 62, 70, 94, 2002, 2014 e o futuro do país dependesse deles. E depende. A terceira parte está com o resto de nós todos.
Ufanismo? Pode ser, mas para quem ainda não se deu conta, a Copa do Mundo de 2014 para o Brasil já começou. Há muita gente interessada apenas nos lucros financeiros, há os céticos que só acreditam vendo, há os desatentos, os retardatários e os que lutam no dia-a-dia para vencer seus problemas é verdade. Precisamos da aproximação de todos, seja qual for a motivação, o interesse, desde que não seja para ver o Brasil perder e continuar com o rótulo de um país que não é sério – ao final, será um vitória de todos, e viveremos num lugar diferente. Vamos dar essa virada, aliás, este é outro princípio de Parreira, abordado no próximo capítulo.
Fonte: Luiz Peazê. Foto: Divulgação.
Tradução: Luiz Peazê.
Parreira´s principles 7/15: in Brazil much more is possible?
If I wasn´t Brazilian and one asked me about the 2014 FIFA World Cup I would say:
- It will be a World Cup where foreigners will play for the final game only, because the Champion title already belong to Brazil. The country will not loose this Cup nor even if takes to reach the peace in the Middle East.
To me there is only three ways for Brazil to face the FIFA 2014 World Cup and the answers are contextualized in the seventh chapter of the series “Parreira´s principles: in Brazil much more is possible!”
APPROXIMATION
The seventh principle of Parreira, inspired by the observation of Barcelona in 2010 while team model is the “approximation”. The players show up to play. For those don´t know what it is, it means not hiding behind the opponent (believe me, there are players during the game taking this tick to reduce the possibility of failure, speaking up “going for the good call only”).
Another way more constructive to define the principle of approximation during a soccer game is each player to be focus in the game in a such way, moving sometimes just a little, showing up as an option for his colleagues eventually harassed by the eager adversary. Take this into consideration for a general purpose, in business, in your community, neighborhood, in your country that is our subject here in this article. [By the way, I recommend to (re) read the previous chapter about ‘being patient’].
There is a strong signal that the stars are enlightening the way of the Brazilian Team. However, to avoid a revival the Brasil X Uruguay in the Maracanã in 1950 it will need a national approximation, as they say in Hawaii, “d´kine”, never seen in the history. While today is different - we are not talking about just a soccer competition.
We are passing through the era of the superficiality, on the growing lane. We say publicly what we think in 140 characters (clearly we are not thinking at all); we build a network of tons of friends from the sunrise to sunset, although we never actually met none of them; we forget tragedies in the same fashion that we do with scandal played by lawmakers we choose to drive our destiny; the majors open TV channels in their prime time show subtle pornography programs and we have fun with it; we top an idol as fast as we dethrone him/her; never in this country we were so superficial, and so the rest of the world, apparently close to each other but miles away as human beings, nor even simply as individuals pertening to a particular culture. All this represent a risk of loosing the chance not only to win the FIFA World Cup, but to turn a page of the history for once, the one we are standing still since XVI century.
Time to turn the page
The amount of effort and financial investment to prepare ourselves for the World Cup, magicaly prior to the 2016 Olympics, another major event, is such fabulous and enough to change the curse of hour history -- by a ludic path, which belongs to our soul, genuinely built by ourselves, an aura which we embodied, by appropriating a Breton sport modality, turning it into a true Brazilian thing and turning ourselves into the country of the beautiful football.
We have made the same with the coffee culture, orange, sugar cane, the short story and feuilleton into the literary gender chronicle, as we invented Samba as a music gender, so with Bossa Nova and Carnival, we reinvented the “Futebol” itself – no other player explore his/her bodily-kinesthetic intelligence as we Brazilians do – in 2014 the international press will use a lot the words fluke and waddle.
However, everything else remains slatternly. The European man brought to us what was bad in Europe and stigmatized our way. If we were not serious until today, it was because of the influence from the French, Polish, German, Danish, Dutch, British, Italian, Spanish, Portuguese, we do not heritage our imperfections from our Peris and Cecis. The European landed their banished ones here to hold territory and explore it, to transmit disease to our Indians and to subvert them while were not killing them. Later on they brought their prostitute, syphilis, a false monarchy, a false socialism, a false capitalism, nothing good was brought, instead only the malicious side of all as a benchmark. We are a country of majority African descendents and, if the Africans had made their way here freely we would be the Best Merchant people in the world and a matriarchal society, everything would be different, but they were brought as slaves as they were made in the own land by the Europeans until today.
Momentous the speech of President Barack Obama, inviting the opponent party to get together for a race moment similar to Sputnik, when Russia was winning the space run decades ago. Momentous also the speech o four President Dilma Housef inviting everyone from all the many parties of the country to unite around the emergencies of Brazil today.
Here the “futebol” can make this miracle to happen. We just need to approximate to each other as never we have done before. It should be started by the Brazilian press, used to provoke unnecessary polemics and gossips, it must develop stories about virtues of the team prepared by coach Mano Menezes; who, by the way, already took a step forward and invited for a dialog legends of Brazilian soccer such as Parreira himself and Zagallo, among many other worldwide incomparable figures.
That the press unveil the barriers delaying the stadiums buildings for the 2014, the construction sites of infrastructure in the host cities, for the maritime ports, airports, roads and all the necessary implementations, that the press help to take the speech from the papers and microphone right down to the grass. That everyone show up for the real game.
It shall interest all of us that Brazil be the Champion, that Brazil changes its curse of the history. We need the approximation of the society as a whole. We need a full approximation, that nobody stays hidden waiting for the “good call”, not this time.
We need to go over them with all our gears up, with all we have. Because there are only three ways out: to win, to win and to win.
Mano Menezes started rightly playing well his role by unleashing a flawless work plan in line with CBF´s goals and even favoring the general public wishiful thinking, as per his presentation at Footecon 2010, before an audience of Brazilian coaches and sports marketing entrepreneurs - it was in this event that Parreira unveiled Barcelonas 15 principles. The second part is a commitment to be made by the players, from inside out right from their hearts as if each one of them would be wearing the winners jerseys from 58, 62, 70, 94, 2002, 2014 and that the future of the country depend upon them. And it does indeed. The third part has to be played by the rest of all of us.
Jingoism? What ever. For those yet not noticing, the FIFA 2014 World Cup has already begun. There many people interested in profit, there are many skeptical people waiting to see, there are many unattended people or just the ones minding their own business, which is understandable. We need them all, be for any motivation may appeal to each one, except those wishing to see Brazil missing the chance to change its label as a not so serious country – at the end of the day, the victory will be of all, and we will live in a different place. Let´s turn this page; by the way, the next chapter of Parreira´s principle will be about turning the game.
Source: Luiz Peazê.
Translation: Luiz Peazê.
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