(Reuters)
- Membro do Comitê Organizador Local (COL) da Copa do Mundo, o ex-atacante da
seleção brasileira Ronaldo disse se sentir envergonhado com os atrasos e
dificuldades do país nos preparativos para o torneio, mas defendeu que o
Mundial não seja alvo de protestos e culpou os governos pelos problemas.
Ronaldo
acredita que as críticas feitas pela FIFA ao Brasil por não ter cumprido prazos
são justas, já que o país concordou com todas as exigências da entidade quando
aceitou ser sede da competição, em 2007.
"E
de repente chega aqui é essa burocracia toda, uma confusão, um disse me disse,
são os atrasos. É uma pena. Eu me sinto envergonhado, porque é o meu país, o
país que eu amo, e a gente não podiam estar passando essa imagem para
fora", afirmou o ex-jogador em entrevista à Reuters na sede de sua agência
de comunicação, em São Paulo, nesta sexta-feira.
"Os
estádios, de uma maneira ou outra, vão estar prontos. Agora, o legado que fica
para a população mesmo --as obras de infraestrutura, de mobilidade urbana,
aeroportos-- é uma pena que tenham atrasado tanto", acrescentou.
Os
preparativos do Brasil para a Copa do Mundo, que será disputada de 12 de junho
a 13 de julho, têm sido problemáticos. Apenas dois dos 12 estádios ficaram
prontos no prazo determinado pela Fifa, enquanto muitas obras em aeroportos e
de mobilidade urbana atrasaram e outras foram abandonadas.
"Perdemos
muito tempo. Os governos deveriam ter feito as coisas muito antes", disse Ronaldo,
afirmando em seguida que o Mundial, ao menos, proporcionou mudanças em cidades
brasileiras e citou Cuiabá, uma das 12 sedes de jogos da competição.
"Vi
cidades com muitas obras... Quem sabe quantas obras assim seriam feitas em
Cuiabá se não fosse a Copa do Mundo?"
"A
Copa do Mundo é uma ferramenta que trouxe uma série de investimentos para o
nosso país. Poderia ter sido perfeito, se fizessem tudo o que prometeram, mas
isso não tem aver com Copa do Mundo, tem a ver com os
governos que prometeram e não cumpriram", acrescentou.
Segundo
o ex-atacante, que foi duas vezes campeão mundial com o Brasil (1994 e 2002) e
é o maior artilheiro de todas as Copas, com 15 gols em quatro participações no
torneio, os investimentos com o Mundial não deveriam ser alvos de
protestos.
Na
Copa das Confederações de 2013, houve manifestações perto dos estádios com umgrande número de pessoas que cobravam mais
investimentos na saúde, educação e segurança e reclamavam do dinheiro
gasto em
eventos esportivos. Os protestos persistem neste ano e devem ocorrer durante a
Copa.
"As
pessoas olham o Mundial como o grande vilão do nosso país e não é. A gente não
pode esquecer que o nosso Brasil não era essa maravilha toda antes da Copa do
Mundo. Era igual ou pior", disse ele, acrescentando que há um temor entre
os estrangeiros de vir ao país.
"O
que eu ouço lá fora é que todo mundo têm um receio, principalmente por
causa da segurança. Mas o que a gente passa lá fora é que o Brasil tem
melhorado nessa questão e que na Copa do Mundo não vai ter nenhum
problema", afirmou Ronaldo, para quem as manifestações não vão atrapalhar
a seleção brasileira.
Ronaldo
foi escalado em 2011 pelo então presidente do COL, Ricardo Teixeira, para oconselho de administração da entidade, numa tentativa de
apaziguar as críticas à preparação do Brasil para a competição.
O
ex-atacante tornou-se a principal imagem do COL, especialmente nos eventos
relacionados à Copa do Mundo no exterior e em visitas às cidades-sede, apesar
de não ter um papel de atuação executiva no dia-a-dia da entidade.
CONFIANÇA
EM NEYMAR
Se
fora de campo há problemas, Ronaldo acredita que dentro das quatro linhas o
Brasil é o favorito para conquistar o título e aponta Neymar como provável melhor
jogador do
Mundial.
"Só
quero pensar no Neymar como a estrela do campeonato e o Brasil campeão",
disse.
"O
Brasil é super favorito e tem uma chance de ouro de vencer
a Copa
em nosso país", afirmou ele, citando Alemanha, Espanha e Argentina como
principais rivais pelo título.
Embora
somente seis dos 23 convocados pelo técnico Luiz Felipe Scolari já tenham
disputado uma Copa do Mundo, Ronaldo não acredita que a inexperiência possa
atrapalhar a seleção brasileira, pois "a falta de experiência não
determina o resultado finalde um
jogo".
Muito
menos vê Neymar, de 22 anos, sendo atingido pela pressão de ser o principal
jogador do Brasil. "Ele está preparado e protegido, criou uma fortaleza em
volta dele", disse. "Apesar da pouca idade, é um jogador muito
equilibrado, consciente do seu talento e da sua responsabilidade. É a nossa
esperança."
RESPOSTA
A PAULO
COELHO
Em
uma entrevista descontraída, Ronaldo só fechou a cara quando foi questionado
sobre a declaração do escritor Paulo Coelho, que o chamou de
"imbecil" em entrevista a um jornal francês, após o ex-jogador ter
tido que não se fazia Copa com hospitais e sim com estádios, em
referência aos protestos contra o Mundial.
"Acho
uma tremenda falta de respeito, foi completamente deselegante uma pessoa
pública como ele, sem ter conhecimento do que realmente aconteceu me ofender
gratuitamente da forma como ele me ofendeu", disse.
"Eu
admiro muito ele, os livros dele são ótimos, mas você recebe uma ofensa
gratuita como essa você perde um pouco da admiração. Não sei o que fiz para
ele. Mas cada um fala o que quer, até papagaio fala."
Fonte: Reuters.
Nenhum comentário:
Postar um comentário