Clubes pernambucanos mostram-se incompetentes em transformar torcedores apaixonados em sócios contribuintes.
O Náutico lançou nova campanha de sócios no último mês de setembro. Santa Cruz e Sport pretendem convocar as respectivas torcidas, de forma massiva, a partir de janeiro. Juntos, os três principais clubes pernambucanos detêm, atualmente, não mais de 15 mil torcedores com mensalidades regularmente quitadas. Pouco dentro do montante aproximado de 380 mil associados existentes no Brasil - dado levantado pelo Clube dos 13. Ínfimo frente ao Internacional, onde se ostenta marca superior a 100 mil, liderança continental e o sexto lugar no ranking mundial de sócios. Nada perante o potencial número de pessoas dentro e até fora do estado interessadas em colaborar com o "time do peito".
As crises político-administrativas, a escassez de recursos, as ausências de inovação e planos sólidos, os pensamentos retrógrados, a carência de bons resultados dentro de campo e uma série de outros problemas tendem a transformar as ações em fiasco. Despertar, no torcedor, a sensação de que "lá vem aí mais uma campanha de sócios..." e o conseqüente desejo de estar redondamente enganado e se surpreender com o improvável. Afinal, é difícil o tricolor subtrair cifras da carteira para aplicar em um clube onde o time de futebol luta para jogar a Série D e a diretoria não planeja criar espaços atrativos e oferecer mais benefícios tocantes ao extra campo para o associado.
"O Santa Cruz é um time de futebol. Não vamos investir na área social. Não vamos desfocar", assegurou o presidente coral, Fernando Bezerra Coelho, para, depois, reconhecer a gravidade da afirmação e emendar um discurso mais político. "Procuramos oferecer mais opções de entretenimento. Temos espaços ociosos dentro do clube e estamos recebendo propostas de ocupação, visando incrementar novas receitas".
O Sport sequer se utiliza da ferramenta mais prática e interativa - a internet - para ampliar o quadro social. Após muitos anos como "leigo" dentro do mundo virtual, o clube programa para janeiro um sistema online. Desperdiçou a chance de alavancar o número de sócios pós-Copa do Brasil e com o time na Taça Libertadores. Lança quando a equipe acaba de cair para a Série B.
A meta do Náutico é elevar a quantidade de sócios, obviamente. Mas o inusitado é estabelecer um limite máximo. "Não se pode passar de dez mil", segundo o vice-presidente de marketing alvirrubro, Roberto Varela. "O estádio não comporta os dez mil do “Todos com a Nota” e mais de dez mil sócios. Antes de ampliarem de quatro mil para dez mil bilhetes disponíveis através do programa do governo, tínhamos mais de seis mil associados. A medida acabou engessando o nosso quadro social. Caiu para a metade", explicou.
O exemplo do Internacional contrapõe a visão timbu. O Colorado reserva ingressos apenas a sócios e torcida visitante. Atingiu a marca de 103 mil associados, gerando receita mensal superior a R$ 3 milhões com as mensalidades. Fica a sugestão.
O Clube dos 13 estima não tardar muito para o Brasil deter meio milhão de associados - Portugal, país com menos de dez milhões de habitantes, possui mais de um milhão de sócios. Os clubes pernambucanos começam a sair da contramão do processo e engatinhar rumo aos resultados almejados. Segundo o Futebol Finance, site especializado em economia e finanças do esporte, "o número de sócios de um clube de futebol reflete necessariamente a sua dimensão e o seu potencial em gerar receitas". Fica a lição.
Serviço
NÁUTICO
Sócio Torcedor (R$ 25)
Acesso com 50% de desconto a três partidas do Náutico nos Aflitos, por ano, em área exclusiva no estádio; acesso à sede social e ao CT Wilson Campos; desconto nas escolinhas e esportes amadores; vantagens na rede Parceiros de Luxo; participação em eventos, promoções e programa Timbu Fiel*.
Sócio Standard (R$ 50)
Acesso com 50% de desconto a todas as partidas do Náutico nos Aflitos (inclusive os dependentes); direito a voto nas eleições do clube, além de todas as vantagens cedidas ao Sócio Torcedor.
Sócio Contribuinte (R$ 70)
Acesso gratuito a todas as partidas do Náutico nos Aflitos (os dependentes têm 50% de desconto no ingresso), além de todas as vantagens cedidas ao Sócio Standard.
Sócio Patrimonial (R$ 60 + R$ 1.500 do título patrimonial)
Posse de título patrimonial do Náutico, além de todas as vantagens cedidas ao Sócio Contribuinte.
* O programa Timbu Fiel oferece ao sócio a possibilidade de somar pontos indicando novos sócios, indo aos jogos, pagando mensalidades em dia, aderindo a promoções ou comparecendo a eventos do clube. Os pontos poderão ser trocados por prêmios e serviços.
Total de Sócios: 3 mil
Informações:
www.querosersociocoroado.com.br
SANTA CRUZ
Sócio Cooperador (R$ 15)
Acesso ao setor de sociais do estádio; descontos em lojas conveniadas; promoções; desconto na aquisição de ingressos.
Sócio Contribuinte (R$ 30)
Utilização das dependências sociais; acesso à piscina; direito a concorrer a cargos eletivos, convocar assembléia e votar nas eleições corais; descontos na prática de esportes no clube; inclusão de dependentes, além de todas as vantagens cedidas ao Sócio Cooperador.
Total de Sócios: 4 mil
Informações:
www.santafidelidade.com.br
SPORT
Sócio Contribuinte (R$ 40)
Acesso ao setor de sociais do estádio com 50% de desconto no ingresso; utilização das dependências sociais; acesso aos diversos setores e serviços do clube; direito a votar nas eleições leoninas; descontos na prática de esportes no clube; inclusão de dependentes; descontos em lojas conveniadas; participação em eventos e promoções.
Sócio Patrimonial (R$ 30 + R$ 2 mil do título patrimonial)
Posse de título patrimonial do Sport, além de todas as vantagens cedidas ao Sócio Contribuinte.
Total de Sócios: 7,5 mil
Informações:
o clube ainda não dispõe de site para sócios, mas garante lançar, em janeiro de 2010, a ferramenta, cujo nome deve ser definido pelo público através do www.nosporteutenhovoz.com.br.
Diário de Pernambuco, Rodolfo Bourbon.
Que pena, a incompetência abunda em nosso Estado e o nosso futebol desce pelo ralo, com certeza. Vivo escrevendo sobre muita coisa que acontece em nosso futebol que deveria ser “profissional” mais, não passa de um futebol feito de dirigentes medíocres, que se titulam donos da razão, donos da verdade, donos de clubes, donos de conhecimento de futebol, que chamam de “minha torcida”, “nação disso, nação daquilo” e quando acham a oportunidade de mostrar o quanto gostam do clube, mostram que gostam mesmo é de aparecer, de si mesmo, nada mais.
O “ego” fala mais alto e estamos descendo ladeira abaixo.
Precisamos ter um basta nestas “peruas” faladas pelos dirigentes toda vez que perguntamos o que vocês estão fazendo para melhorar o futebol, torná-lo realmente “profissional”? Ainda bem que não estou sozinho.
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