Páginas

14 de maio de 2013

BRASIL, O PAÍS DO INGRESSO MAIS CARO DO MUNDO / BRAZIL, THE COUNTRY OF THE WORLD'S MOST EXPENSIVE TICKET



Tão caro por tão pouco!

Nesta série, em que a PLURI aborda a crise de público nos estádios Brasileiros, chegamos à comparação entre os preços dos ingressos no Brasil em relação ao mercado internacional.

A seguir as principais considerações:

O Estudo consiste em comparar os preços dos ingressos no Brasil e em outros 15 países, considerando a renda per capita de cada país. Desta forma podemos mensurar adequadamente o preço dos ingressos em relação ao nível de renda da população. Nossa  pesquisa considerou o preço médio do ingresso mais barato (inteiro e não promocional) dos  clubes que disputam a primeira divisão de cada um dos 16 países analisados;

O preço médio dos ingressos mais baratos no Brasil é de R$ 38, equivalente a US$ 19,12.

Quando comparamos este valor com a renda per capita do Brasileiro (US$ 12.340 a preços correntes 2012), concluímos que esta Renda permite a compra de 645 ingressos,  a menor quantidade na comparação com os 15 outros países analisados. Isto faz do Brasil o país de ingressos mais caros do Mundo, em termos proporcionais à capacidade de consumo da população;

Na média dos 16 países analisados, a Renda per capita permite a compra de 1.308 ingressos, 103% a mais do que a capacidade de compra de ingressos dos Brasileiros (645). Ou seja, por aqui o preço do ingresso mais barato é o dobro da média nos principais países do Mundo;

Em 2º lugar aparece a Espanha, cuja renda per capita permite a compra de 804 ingressos, mesmo que o preço médio dos ingressos por lá seja distorcido pelos caríssimos custos de Barcelona e Real Madri. Mesmo assim, os Espanhóis tem um poder de compra de ingressos 25% maior que os Brasileiros;

Na Alemanha, onde se disputa um dos melhores campeonatos da atualidade, a Renda per capita da população equivale ao preço de 1.868 ingressos, terceiro maior poder de compra entre os países analisados, e o equivalente ao triplo do verificado no Brasil;

Apesar de entendermos que o preço dos ingressos não é o único responsável pelo esvaziamento dos estádios brasileiros, certamente é um dos mais relevantes, como mostramos em relatório recente (Os 17 motivos para os torcedores não irem aos estádios
(http://www.pluriconsultoria.com.br/relatorio.php?segmento=sport&id=250 );

Abaixo alguns argumentos já apresentados em nosso relatório anterior, que apontou a alta de  300% nos preços dos ingressos nos últimos 10 anos
(http://www.pluriconsultoria.com.br/relatorio.php?id=256 ).

Não cabe aqui a discussão sobre a futura política de preços a ser praticada nos novos estádios brasileiros ou uma suposta tentativa de elitização em andamento, mas apenas uma constatação de que praticamos preços incompatíveis (nos ingressos mais baratos, é importante frisar) para o tamanho do bolso da população. Ou seja, oferece-se um produto de qualidade cada vez pior, a preços crescentes, em um cenário em que as opções de entretenimento para o torcedor são cada vez maiores;

Alguns argumentos tentam justificar essa estranha situação. Um deles é a de que os preços baixos “desvalorizam o produto”. Mas tem algo pior para o futebol do que um jogo ruim disputado em estádio vazio?;

Outro argumento utilizado com frequência é o de que são necessários ingressos mais caros em função do aumento do custo do futebol no período. Ótimo, só esqueceram de perguntar ao torcedor se ele concorda em pagar essa conta, e está claro que ele não concorda. Aliás, lembrando sempre que esse torcedor é um cliente;

Há também o argumento de que o preço tem que ser alto para estimular o torcedor a se tornar sócio do clube. Isso funciona apenas para uma parcela de torcedores, e costuma estar diretamente atrelado ao momento do time. Ou seja, quando a fase é boa, o estádio enche, quando é ruim, volta a ficar vazio. Ingressos proibitivos não permitem que o torcedor crie vínculos com o time e desenvolva, com o tempo o desejo de se tornar sócio não apenas pela vantagem financeira, mas também pela experiência de ir ao jogo.

Com isso ele se mantém afastado, assistindo de casa, afinal é mais barato e confortável. E vai se afastando cada vez mais do seu time;

Além da vantagem do preço, é a perspectiva de não conseguir lugar disponível nos estádios que leva o torcedor a se associar ao clube. A Europa tem exemplos de sobra neste sentido;

De fato, alguns clubes tem sido bem sucedidos em aumentar o preço dos ingressos e mesmo assim ter alta demanda, é o caso de Atlético-MG e Corinthians. São exceções que confirmam a regra. A maioria esmagadora trabalha com a rotina de estádios quase desertos;

Ao praticar pecos tão altos, o torcedor toma uma decisão racional de consumo,
escolhendo ir apenas aos jogos mais importantes. Isso explica a grande quantidade de partidas com público muito baixo, e a presença de público maior em um ou dois jogos, geralmente as finais, já que nem os clássicos conseguem mais mobilizar os torcedores;

Já que é possível provar que o torcedor “escolhe” os jogos que ele vai assistir no estádio (há dados para isso), porque não se pratica uma política de preços agressivamente flexível no Brasil, ajustando os preços à qualidade e importância dos jogos? Algo semelhante ao que se faz com o preço das passagens aéreas? Ou, porque não se faz como é comum na Europa, com classes de jogos com preços diferentes? Exemplo: jogos comuns de campeonatos estaduais deveriam ter “grande” desconto;

Encher o estádio deveria ser prioridade total do clube, mesmo que para isso seja necessário praticar preços de ingressos mais baixos inicialmente. Sabemos que há uma correlação direta entre interesse de mídia e de patrocinadores, com jogos em estádios cheios (e o inverso também é verdadeiro, atenção!). Portanto, “casa cheia” potencializa outras receitas dos clubes. E o aumento da demanda leva à escassez, que aí sim, permite
o aumento de preços;

Apesar do crescimento econômico verificado nesta última década, nunca é demais lembrar que o Brasil continua a ser um país de salário mínimo de R$ 678, e renda per capita equivalente a cerca de 1/3 da Européia;

Existe um preço de equilíbrio que ajusta oferta e demanda de um produto. No Brasil o preço dos ingressos não é decidido tendo como base nenhum tipo de estudo ou análise mais profunda (‘pricing”), e sim por uma simples arbitragem feita por dirigentes de federações e clubes. É certo, porém, que estamos fora desse preço de equilíbrio, não fosse por isso os estádios não eram tão vazios;

Alguma surpresa por estádios tão vazios? Veja a tabela:


De maneira nenhuma, além de que, vemos os mesmos erros de 40 anos atrás, se repetindo todo os dias de jogos, a desorganização e o amadorismo nos dão a impressão de que é a inauguração do estádio ou quiçás, o primeiro jogo entre os clubes. Vejam o que aconteceu no último domingo na Ilha do Retiro, os mesmos atos de vandalismo, o mesmo quebra quebra, e depredação, até parece que nunca aconteceu isto antes.

E sobre o Atlético Mineiro e o Corinthians, terem aumentado os ingressos e ainda conseguirem aumentar sua audiência, olhem os times que formaram. Tudo isto mostra que precisamos imediatamente profissionalizar nossos clubes.

Fonte: Pluri Consultoria/Fernando Ferreira. Foto: Pluri Consultoria. Tradução: Roberto Queiroz e Roberto Queiroz Junior.

So much for so little!

In this series, in which PLURI discusses the public crisis in Brazilian stadiums, we arrive at compare ticket prices in Brazil in relation to the international market.

The following key considerations:

The study is to compare ticket prices in Brazil and 15 other countries, considering the income per capita of each country. Thus we can measure adequately ticket prices in relation to income level of the population. Our survey found the average price of the cheapest ticket (integer and non-promotional) of clubs vying for the top division of each of the 16 countries analyzed;

The average price of cheaper tickets in Brazil is $ 38, equivalent to U.S. $ 19.12.

When we compare this value with the Brazilian per capita income (U.S. $ 12,340 to current prices 2012), we conclude that this income allows the purchase of 645 tickets, a smaller amount in comparison with the other 15 countries analyzed. This makes the Brazil the country of most expensive tickets in the world, in proportion to the capacity consumption of the population;

The average of the 16 countries analyzed, the income per capita allows the purchase of 1,308 tickets, 103% more than the ability to purchase tickets of Brazilians (645).i.e., here the price of the cheapest ticket is double the average in major countries of the world;

In 2nd place comes Spain, whose per capita income allows the purchase of 804 tickets, even if the average income there is distorted by expensive costs of Barcelona and Real Madrid. Yet the Spaniards have a purchasing power of income 25% higher than the Brazilians;

In Germany, where one of the best race championships today, the income per capita of the population equals the price of 1,868 tickets, the third largest power purchase among the countries analyzed, and the equivalent to three times the observed in Brazil;

While we understand that the price of tickets is not solely responsible for the emptying of the Brazilian stadiums, is certainly one of the most relevant, as shown in a recent report (17 The reasons for fans not to go to stadiums
(Http://www.pluriconsultoria.com.br/relatorio.php?segmento=sport&id=250);

Below are some arguments already presented in our previous report, which showed a high 300% in ticket prices over the last 10 years (Http://www.pluriconsultoria.com.br/relatorio.php?id=256).

Here is not the discussion about the future pricing policy being practiced in new stadiums of Brazil or an alleged attempt to gentrification in progress, but only a finding that prices inconsistent practice (the cheaper tickets, it is important to stress) for the pocket size of the population. That is, it offers a product quality worse, the rising prices in a scenario in which the options entertainment for the fans are increasing;

Some arguments seek to justify this strange situation. One is that low prices "devalue the product." But there is something worse for football than a bad game played in empty stadium.

Another argument often used is that they are needed most expensive tickets in due to the rising cost of football in the period. Great, just forgot to ask supporter if he agrees to pay this bill, and it's clear he does not agree. In fact, always remembering that this fan is a customer;

There is also the argument that the price has to be high to encourage fans to become a club member. This works only for a portion of fans, and is usually directly tied to the time of team. That is, when the phase is good, the filling stage, when it is bad, comes back empty. Tickets prohibitive not let the fans create linkages with the team and develop, over time the desire to become a partner not only for the financial benefit, but also for the experience of going to the game. With that he keeps away, watching from home, after all it is cheaper and comfortable. And will increasingly moving away from his team;

Besides the advantage of price, is the prospect of not getting a seat available at stages leads the fans to join the club. Europe has plenty of examples in this sense;

In fact, some clubs have been successful in increasing ticket prices and still have high demand in the case of Atlético-MG and Corinthians. Are exceptions that prove the rules. The overwhelming majority works with routine stadiums almost deserted;

By practicing values so high, the fan makes a decision rational consumer, choosing to go only to the most important games. This explains the large amount of matches with the public too low, and the presence of larger public in one or two games, generally the finals, since neither the classics can mobilize more fans;

Since it is possible to prove that the supporter "chooses" the games he will attend the stadium (no data for that), why not practice a flexible pricing policy aggressively in Brazil, adjusting prices to the quality and importance of games? Something similar to what you do with the price of airline tickets? Or, why not do as is common in Europe, with classes of games with different prices? Example: common games of state championships should have "big" discount;

Fill the stadium should be top priority club, even if it is necessary to practice ticket prices lower initially. We know that there is a direct correlation between interest and media sponsors, with games in stadiums filled (and the reverse is also true, attention!). Therefore, "full house" potentiates other revenues of the clubs. And the increase in demand leads to shortage that then yes, allows the price increase;

Despite the economic growth seen in the last decade, it is worth remembering that Brazil remains a country with a minimum wage of R $ 678, and per capita income equivalent to about one third of the European;

There is an equilibrium price that adjusts supply and demand of a product. In Brazil ticket prices are not determined based on any study or analysis deeper ("pricing"), but by a simple arbitration made by the leaders of federations and clubs. It is certain, however, that we are out of this equilibrium price, not was why the stadiums were not empty;

Any surprises for stadiums so empty?

No way, besides that, we see the same mistakes made since 40 years ago, repeating every day, disorganization and amateurism give us the impression that it is the inauguration of the stadium or chemistries, and the first game between the clubs. Look what happened last Sunday in the Ilha do Retiro, the same acts of vandalism, breaking the stadium installations and predation; it seems as if it never happened.

And over Atletico Mineiro and Corinthians, have increased the tickets and still manage to increase your audience, look at the teams that formed. All this shows that we need immediately professionalize our clubs.

Source: Pluri Consulting / Fernando Ferreira. Photo: Pluri Consulting. Translation: Roberto Queiroz and Roberto Queiroz Junior.

Nenhum comentário:

Postar um comentário