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21 de fevereiro de 2015

Prejuízo de ‘elefantes brancos’ da Copa já supera R$10 milhões


O legado da Copa do Mundo de 2014 já conta com um prejuízo de pelo menos R$10 milhões para os contribuintes de Brasília, Manaus e Cuiabá desde o fim do Mundial. A informação é da BBC Brasil. A conta é uma estimativa, já que os dados são incompletos e de difícil acesso. Manaus, Natal, Cuiabá e Brasília não são cidades com tradição no futebol. Por isso, ao serem escolhidas como sedes da Copa do Mundo, despertaram críticas pelo alto investimento público em estádios que corriam risco de ficar sem uso. Arenas da Copa receberam até casamento coletivo para fugir do rótulo de elefante branco.
Mané Garrincha (Brasília)
O então secretário extraordinário da Copa em Brasília, Cláudio Monteiro disse à BBC Brasil em dezembro de 2014: “O custo de manutenção (do Mané Garrincha) é praticamente insignificante perto do que está arrecadando”.
A conclusão do novo governo é um pouco diferente. Afinal, o estádio custa R$ 600 mil por mês, e o valor arrecadado no total desde sua inauguração, em maio de 2013, foi R$ 5,5 milhões. O prejuízo em 19 meses seria de R$ 5,9 milhões. “O custo do estádio? Essa é a pergunta que não quer calar. Nosso levantamento está em R$ 600 mil, mas pode aumentar. A gente ainda está querendo saber qual é a cor desse elefante”, afirmou Jaime Recena, secretário deTurismo do Distrito Federal, que é a pasta responsável pela administração do Mané Garrincha. O estádio em Brasília recebeu 28 eventos desde o fim da Copa até dezembro de 2014, sendo 12 relacionados ao futebol.
Arena da Amazônia (Manaus)
O estádio, que foi inaugurado às vésperas do Mundial, atualmente, tem um custo mensal de R$ 700 mil e conseguiu ter bons públicos em jogos de times cariocas. No entanto, apenas sete partidas aconteceram lá desde a Copa. Em seis meses após o mundial, foi arrecadado R$ 1,5 milhão até janeiro de 2015. O prejuízo até aqui seria de R$ 2,7 milhões.
“É a coisa mais simples fazer evento aqui”, disse Aly Almeida, um dos responsáveis pela administração da Arena da Amazônia sobre o estádio. “Todos esses que já aconteceram eu nem levantei da cadeira para ir atrás.”  Em dezembro do ano passado, ele disse sobre as contas da arena: “Está havendo um equilíbrio tranquilo”. No entanto, segundo o atual governo do Amazonas, a ideia da administração é abrir licitação para privatizar o estádio ainda no primeiro semestre desse ano. A cidade também entrou na disputa para sediar jogos de futebol na Olimpíada do Rio em 2016.
Arena Pantanal (Cuiabá)
A Arena Pantanal recebeu 15 jogos de futebol em 2014 após a Copa. O lucro, no entanto, foi pequeno, já que a arena cobrou apenas R$ 50 mil de aluguel para os jogos da primeira e da segunda divisão e não cobrou pelos outros para “incentivar o futebol local”. Atualmente, o governo do Mato Grosso gasta R$ 300 mil por mês em manutenção com a Arena Pantanal, inaugurada em abril de 2014. Para piorar, o fluxo de receitas para cobrir os custos foi interrompido no fim de janeiro depois que a arena de 42 mil lugares foi interditada por conta de “irregularidades”. A empresa Mendes Júnior, responsável pela construção, voltou ao local e está fazendo reparos.
Segundo a atual administração de Pedro Taques (PDT), a Arena Pantanal é “o menor dos problemas deixados pelo governo anterior”. As outras obras prometidas para a Copa do Mundo, incluindo o VLT (Veículo Leve sobre Trilhos), que foi licitada por R$ 1,4 bilhão e ainda está atrasada, não foram entregues e preocupam a atual gestão. Pelos cálculos da BBC Brasil, somente a arena já gerou um prejuízo estimado de R$ 1,4 milhão.
Arena das Dunas (Natal)
A Arena das Dunas é a única das quatro citadas que não é 100% pública. O estádio foi construído através de PPP (parceria público-privada) com a construtora OAS, que atualmente administra o local. A concessão vale por duas décadas, e o Estado pagará por ela durante os próximos 17 anos. Nos primeiros 11 anos, o governo arcará com uma prestação de R$ 9 milhões mensais; do 12º ano ao 14º, serão R$ 2,7 milhões; e nos últimos três anos, R$ 90 mil. Ao final de tudo, o governo terá pago mais de R$ 1,2 bilhão pelo estádio, apesar do custo da construção ter sido de R$ 423 milhões.
A Arena das Dunas foi um dos mais utilizados entre os chamados “elefantes brancos” após a Copa. A média de público nos jogos de futebol foi de pouco mais de 9 mil pessoas, enquanto sua capacidade é de 31.375 lugares.
Que pena ver o que está acontecendo, os gerentes ou administradores destas arenas, são simplesmente pessoas apontadas por politicagem, e este é o resultado. Quando deveríamos ter pessoas com conhecimento e competência, isso é o nosso País.

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