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6 de agosto de 2009

NÚMEROS QUE MOSTRAM NOSSA INCAPACIDADE DE NEGOCIAR JOGADORES.

Panorama Financeiro do Futebol Brasileiro

A empresa de consultoria financeira Casual Auditores Independentes, apresentou recentemente o relatório sobre o “Panorama Financeiro do Futebol Brasileiro”. Os dados apresentados no relatório revelam que em 2007 as receitas consolidadas dos clubes Brasileiros foram de 495 milhões de Euros. Nos últimos 4 anos, os lucros do clubes aumentaram 63%, para um crescimento médio anual na ordem dos 48 milhões de Euros. Mais uma vez são as transferências de jogadores para o estrangeiro o grande impulsionador das finanças dos clubes Brasileiros, no entanto a exploração dos estádios e os contratos de televisão e patrocínios começam a ocupar lugar de destaque na economia do futebol Brasileiro.

Ainda assim o crescimento das receitas não acompanhou os custos. Nos mesmos 4 anos, as despesas consolidadas dos clubes no Brasil aumentaram 81%, para um crescimento anual de 68 milhões de Euros. Desta forma o déficit dos 21 maiores clubes era em 2004 de 200 milhões de Euros, passando em 2007 para os 372 milhões de Euros.

No que diz respeito às transferências de jogadores, entre 2004 e 2007 a venda dos jogadores de todos os clubes Brasileiros geraram 485 milhões de Euros, sendo os 21 maiores clubes responsáveis por 86% deste valor. No entanto o valor médio de uma transferência de um jogador para o estrangeiro é de 187 mil Euros, o que reflete a procura de jogadores baratos por parte dos clubes menores da Europa.

A FALTA DE CONHECIMENTO DO MERCADO INTERNACIONAL. VALORES DOS ATLETAS QUE ESTÃO NO BRASIL ESTÃO SENDO FEITO AQUÉM DO QUE É. NOTE-SE QUE DEPOIS OS MESMOS QUE FORAM ENTREGUES A PREÇO DE BANANAS*. SEUS VALORES SOBEM E CONSEGUEM SER NIVELADOS AOS JOGADORES DO RESTO DO MUNDO. COMO OS SÃO ATLETAS DE OUTROS PAÍSES SEM NENHUM PRESTIGIO NO FUTEBOL DE ALTO NÍVEL.

*Silvio Berlusconi (proprietário do Milan, quando comprou o Kaká).

Corinthians, Ronaldo, Marketing e Publicidade.

O Corinthians assinou recentemente um novo contrato de patrocínio para as suas camisas com a empresa de laticínios Batavo. O novo acordo no valor de R$18 milhões (5,8 milhões de Euros) terá a duração de 10 meses. O Corinthians tem desenvolvido no último ano uma estratégia de patrocínios inovadora, pelo menos para os clubes europeus, vendendo os espaços nos seus uniformes por jogo. Antes deste novo contrato o clube já tinha sido patrocinado por uma série de empresas diferentes; Vivo, Ford, Locaweb, AACD, Visa, Panasonic e Lupo, sendo que as últimas 3 geraram ao clube cerca de R$ 700 mil (230 mil Euros).

Este novo modelo de angariação de patrocínios efetuado pela direção de marketing do clube, juntamente com o contrato de Ronaldo, no qual ficou acordado que o jogador receberá 80% das receitas geradas em publicidade nas mangas e calções do equipamento do clube, marcam uma virada no que até hoje era a publicidade no futebol. Nos últimos meses os negócios do futebol Brasileiro têm sido alimentados por 4 fatores; Ronaldo, Corinthians, patrocinadores e comparações com os contratos dos outros clubes. Como curiosidade aqui fica os maiores contratos anuais nas camisas de clubes Brasileiros.

Corinthians Batavo - R$18 milhões (5,8 milhões de Euros)
São Paulo LG - R$16,5 milhões (5,3 milhões de Euros)
Palmeiras Samsung - R$15 milhões (4,8 milhões de Euros)
Flamengo Petrobras - R$14 milhões (4,5 milhões de Euros)
Vasco da Gama Eletrobras - R$14 milhões (4,5 milhões de Euros)

Será difícil estimar o desenvolvimento econômico do futebol Brasileiro nos últimos anos, mas com a hiperatividade de negócios que se verifica, o envolvimento das grandes empresas e agências de marketing, a construção de novos estádios, a participação de jogadores e adeptos, e a concentração da atenção no país, fruto da realização do campeonato mundial em 2014, prevê-se que em poucos anos o Brasil junte à qualidade dos seus jogadores o potencial econômico, tornando o campeonato Brasileiro num equivalente Sul Americano à Premier League Inglesa.

Mercado brasileiro de clubes de futebol superou R$ 1,7 bilhões em 2008

Desde 2005 trabalho na empresa Casual Auditores Independentes, auditoria especializada em clubes de futebol, que desde o início de suas atividades trabalha diretamente na Indústria do Futebol. A abordagem do trabalho tem como objetivo analisar as finanças dos clubes brasileiros, por meio de estudos e análises com as informações extraídas das demonstrações contáveis dos maiores clubes de futebol no Brasil. A principal análise sobre o mercado de clubes de futebol é o ranking financeiro comparando diferentes informações financeiras dos clubes brasileiros com maiores receitas geradas, conhecida com a Lista Casual Auditores de Clubes. Até o momento somente foram publicadas informações sobre as receitas geradas pelos clubes e em breve será publicado o estudo completo com outras informações financeiras.

O estudo referente ao exercício de 2008 conta com a presença de 21 clubes, como nas edições passadas e segue o mesmo critério de análise que os estudos dos outros anos, em que figuram clubes que atinjam uma receita bruta anual mínima, entre os clubes brasileiros que disponibilizaram seus balanços. O estudo deste ano apresentou uma mudança entre os clubes analisados, com a entrada da Portuguesa de Desportos de São Paulo substituindo o Juventude de Caxias do Sul. As análises consolidadas do estudo consideram sempre a comparação entre a amostra de clubes de cada ano, assim, os dados de 2007 contêm as informações dos 20 clubes, mais a presença do Juventude e a amostra de 2008, os 20 clubes e mais a presença da Portuguesa de Desportos.

Nessa edição muitos clubes trocaram suas posições no ranking em comparação com a edição referente a 2007. O último colocado entre os clubes analisados nesse ano, o Barueri, gerou R$ 17,2 milhões (6,5M€) em receitas e em 2007 o 21º colocado no estudo, Vitória S.A. apresentou receitas de R$ 11,2 milhões (4,2M€). Já o topo do ranking apresentou o mesmo resultado de 2007 e 2006, com o São Paulo em 1º e o Internacional em 2º, com receitas de R$ 160,6 milhões (61,3M€) e R$ 142,2 milhões (53,4M€), respectivamente. No estudo referente ao exercício de 2007 o tricolor paulista liderou o ranking com R$ 190 milhões (72,5M€) gerados, seguidos dos R$155,9 milhões (59,5M€) produzidos pelo Colorado gaúcho.

O crescimento em 2008 da amostra de 21 clubes foi de 6,1% em relação ao estudo do ano passado, sendo que 13 clubes, 62% do total registraram incremento em suas receitas e 8 clubes, 38% da amostra, apresentaram redução no volume de recursos gerados, o que resultou em R$ 82 milhões (31,8M€) novos em comparação com o estudo referente a 2007.

Os maiores responsáveis, em termos absolutos, pelos novos recursos gerados foram: Palmeiras, Portuguesa de Desportos, Flamengo, Fluminense, Coritiba e Cruzeiro. A melhora em 2008 ficou abaixo da registrada em 2005 e 2007, exercícios em que mercado de clubes apresentou grande evolução, em virtude do volume gerado com transferências de atletas.

Em 2008, os recursos gerados com os atletas sofreram retração, o que foi atenuado pelo crescimento das receitas sem considerar as transferências dos jogadores que apresentaram uma evolução de dois dígitos. Esse incremento de novos recursos gerados foi conseqüência direta da melhora de outras fontes de recursos como bilheteira, clube social e desporto amador, patrocínio e publicidade e cotas de TV. Todas essas receitas no ano passado registraram crescimento superior à taxa anual média apresentada no período compreendido entre 2003 e 2007.

Lista Casual Auditores - Ranking da Receita Total dos Clubes em 2008 e 2007


2008



2007

Clubes

Receita Total 2008

Receita Total 2007

Variação

1

(1)

São Paulo- SP

R$ 160.500.000

61,3M€

R$ 190.000.000

72,2M€

-15,50%

2

(2)

Internacional-RS

R$ 142.100.000

53,9M€

R$ 155.800.000

59,2M€

-8,80%

3

(6)

Palmeiras- SP

R$ 138.800.000

53,0M€

R$ 86.200.000

32,7M€

60,90%

4

(5)

Flamengo-RJ

R$ 117.900.000

45,0M€

R$ 89.500.000

34,0M€

31,70%


5

(3)

Corinthians-SP

R$ 117.500.000

44,8M€

R$ 134.600.000

51,1M€

-12,70%

6

(4)

Grêmio-RS

R$ 99.000.000

37,8M€

R$ 109.000.000

41,4M€

-9,20%

7

(7)

Cruzeiro-MG

R$ 94.000.000

35,9M€

R$ 77.600.000

29,4M€

21,20%


8

(14)

Fluminense-RJ

R$ 66.400.000

25,3M€

R$ 39.300.000

14,9M€

68,90%


9

(11)

Santos- SP

R$ 65.300.000

24,9M€

R$ 53.100.000

20,1M€

23,00%


10

(9)

Atlético-MG

R$ 57.600.000

22,0M€

R$ 58.300.000

22,1M€

-1,20%


11

(12)

Vasco da Gama- RJ

R$ 52.000.000

19,8M€

R$ 51.000.000

19,3M€

1,80%


12

(13)

Botafogo-RJ

R$ 51.300.000

19,5M€

R$ 41.000.000

15,5M€

25,00%


13

(-)

Portuguesa-SP

R$ 47.100.000

18,0M€

R$ 12.400.000

4,7M€

279,10%

14

(10)

Atlético-PR

R$ 44.300.000

16,9M€

R$ 54.000.000

20,5M€

-18,00%

15

(20)

Coritiba-PR

R$ 37.600.000

14,3M€

R$ 14.900.000

5,6M€

152,50%

16

(19)

Figueirense -SC

R$ 28.300.000

10,8M€

R$ 18.900.000

7,1M€

49,20%

17

(16)

São Caetano-SP*

R$ 24.000.000

9,1M€

R$ 23.200.000

8,8M€

3,30%


18

(18)

Náutico-PE

R$ 19.700.000

7,5M€

R$ 19.400.000

7,3M€

2,70%

19

(21)

Vitória S.A.-BA*

R$ 18.800.000

7,1M€

R$ 11.200.000

4,2M€

68,40%

20

(15)

Paraná Clube-PR

R$ 17.400.000

6,6M€

R$ 24.900.000

9,4M€

-30,10%

21

(17)

Barueri-SP

R$ 17.200.000

6,5M€

R$ 21.000.000

7,9M€

-17,90%













Nota: Podem existir diferenças cambiais uma vez que desde a realização do estudo existiu um decréscimo do $REAL em relação ao €EURO na ordem dos 27%

Segundo análise da Casual Auditores o mercado brasileiro de clubes de futebol pode encerrar o exercício de 2014, depois da Copa do Mundo no Brasil, com R$ 2,8 bilhões (1.072M€) em receitas produzidas. Esse resultado pode ser atingido pela ampla geração de novos recursos potenciais com a exploração da marca dos clubes, maximização dos recursos com estádios e novos conteúdos de media, diretamente com o torcedor e com empresas patrocinadoras, por meio de projetos de marketing criativos e comercialmente rentáveis, atrelados aos avanços tecnológicos atuais.

Amir Somoggi - Especialista em gestão e marketing de clubes de futebol na “Casual Auditores Independentes” São Paulo, Brasil e Prof. de Marketing Desportivo e Planejamento Estratégico de Clubes de Futebol

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