Quando o
Brasil conquistou o direito de realizar a Copa do Mundo de 2014, autoridades
prometeram que seria o melhor e mais transparente torneio já realizado, e que
nenhum centavo do dinheiro do contribuinte seria destinado a obras em estádios
e infraestrutura.
Hoje, a menos de dois anos do jogo inaugural, essas afirmações parecem contestáveis.
Organizadores criaram sites nos quais o público pode monitorar o ritmo das obras e os gastos, um exercício de transparência que as autoridades dizem ser inédito no Brasil.
Mas
críticos dizem que a informação costuma ser contraditória ou desatualizada. O
custo dos estádios e dos projetos para os transportes públicos disparou, e as
autoridades ainda não divulgaram o orçamento para áreas importantes, como
telecomunicações e policiamento.
O governo se gabou de que monitorar os gastos seria "tão fácil que qualquer cidadão poderia se sentar no seu sofá e ver onde o dinheiro estava sendo empregado", disse Gil Castello Branco, secretário-geral da organização não governamental Contas Abertas, que monitora gastos públicos. "Mas não importa se você está no sofá, na cozinha ou no escritório, ninguém sabe quanto isso está custando", acrescentou.
Os estouros orçamentários são comuns em nações que se preparam para realizar eventos como Copas e Olimpíadas. Mas alguns dizem que as questões de transparência e responsabilidade são particularmente preocupantes no Brasil, que tem um longo histórico de corrupção e mau planejamento.
"A Copa do Mundo reflete o estado do país onde ela acontece", disse Christopher Gaffney, professor norte-americano de arquitetura e urbanismo que vive no Rio e estuda os preparativos brasileiros para os grandes eventos. "E o governo brasileiro não tem um histórico forte de transparência."
Além da Copa, o Brasil vai realizar também a Olimpíada de 2016, no Rio.
O custo dos estádios e da infraestrutura de transportes para a Copa está oficialmente estimado em R$ 27,1 bilhões, quase metade dos quais no setor de transportes. A maior parte do restante será dividido em partes quase iguais entre estádios e aeroportos, que precisam desesperadamente de modernização.
A maior parte do dinheiro vem dos cofres públicos, e três sites diferentes monitoram as obras e gastos. Um é mantido pelo Ministério do Esporte, o outro pelo Senado, e um terceiro pela Controladoria Geral da União (CGU). O Tribunal de Contas da União (TCU) também divulga relatórios periódicos.
O problema, segundo os críticos, é que os sites não são confiáveis. "A informação que recebemos é incompleta, contraditória e atrasada", disse Castello Branco. "E frequentemente enganadora."
A comunicação poderia melhorar
Os dados sobre estádios, por exemplo, diferem de um site para outro. O site do Ministério do Esporte diz que a Arena da Amazônia, em Manaus, vai custar R$ 532,2 milhões; o site do CGU fala em R$ 515 milhões; no do Senado, a cifra é de R$ 505 milhões.
O site do Senado diz que o Maracanã, no Rio, terá capacidade para 79.378 pessoas; o Ministério do Esporte arredonda para 79 mil; o da CGU não cita esse dado.
Em outros casos, a informação parece deliberadamente opaca.
O site do Ministério do Esporte diz que o estádio de Itaquera, em São Paulo, terá 65 mil lugares e custará R$ 820 milhões. O preço, no entanto, é para um estádio de 48 mil lugares.
Os quase 20 mil assentos adicionais serão temporários. O governo paulista vai bancar a instalação e remoção, mas, passado mais de um ano da assinatura do contrato para isso, ainda não revelou o custo.
O governo estadual disse que está "estudando várias formas de resolver a questão", mas não indicou nenhum funcionário para dar entrevista. "A comunicação poderia melhorar", disse Luis Fernandes, secretário-executivo do Ministério do Esporte. Apesar disso, ele defendeu os esforços de transparência do governo federal, e disse que o ministério se baseia em dados das construtoras, prefeituras e governos estaduais para se manter informado - e também para informar o público.
Confusão em Recife
Um caso notável é o da Arena Pernambuco. O estádio, próximo a Recife, deveria originalmente custar US$ 532 milhões e ficar pronto seis meses antes da Copa.
Mas as autoridades decidiram construir o estádio de 46 mil lugares em 26 meses, em vez de 36, para poder receber também a Copa das Confederações, em junho de 2013, evento preparatório para a Copa.
Um ano se passou desde essa decisão, e as autoridades ainda não disseram qual será o acréscimo no preço por causa da aceleração nas obras. "Se houver um aumento no custo da obra, será imediatamente comunicado e colocado online no site da transparência", disse Fernandes. A construtora Odebrecht, responsável pelo estádio, admitiu que o custo vai subir, mas não entrou em detalhes sobre cifras.
"Não posso dizer o quanto", disse Marcus Lessa, diretor-gerente da Arena Pernambuco, consórcio comandado pela Odebrecht. "Mas não é por falta de transparência, os custos serão auditados."
Fernandes alertou que apenas alterações superiores a 20% do custo total são imediatamente registradas nos sites de transparência. Seria demorado demais atualizar cada pequena correção em todos os projetos, segundo ele. Funcionários da CGU admitiram que alguns dados estão desatualizados ou contraditórios, e disseram estar discutindo uma forma de agilizar o sistema, que funcionaria como uma central de informações relacionadas à transparência na Copa do Mundo.
Pelo sistema proposto, a CGU receberia de Estados e prefeituras dados sobre os gastos e o avanço das obras, e os transmitiria para ministérios e agências governamentais. Assim, os diferentes sites teriam todos a mesma informação, e haveria menor custo para governos estaduais e municipais, que hoje precisam se reportar várias vezes por mês a diversas instituições.
"Além de tornar essa informação disponível no nosso portal, vamos colocar em um banco de dados, e qualquer um poderá acessar", disse Fabio Santana, que assessora a CGU em questões de transparência.
Independentemente das discrepâncias, as autoridades se dizem satisfeitas com os sites e com o avanço que eles representam. A mera introdução desses sistemas numa nação conhecida pela falta de fiscalização nos gastos públicos já representa uma mudança para melhor, segundo Fernandes.
"É um passo positivo para a frente, e eu diria até que é um dos legados da Copa do Mundo."
O governo se gabou de que monitorar os gastos seria "tão fácil que qualquer cidadão poderia se sentar no seu sofá e ver onde o dinheiro estava sendo empregado", disse Gil Castello Branco, secretário-geral da organização não governamental Contas Abertas, que monitora gastos públicos. "Mas não importa se você está no sofá, na cozinha ou no escritório, ninguém sabe quanto isso está custando", acrescentou.
Os estouros orçamentários são comuns em nações que se preparam para realizar eventos como Copas e Olimpíadas. Mas alguns dizem que as questões de transparência e responsabilidade são particularmente preocupantes no Brasil, que tem um longo histórico de corrupção e mau planejamento.
"A Copa do Mundo reflete o estado do país onde ela acontece", disse Christopher Gaffney, professor norte-americano de arquitetura e urbanismo que vive no Rio e estuda os preparativos brasileiros para os grandes eventos. "E o governo brasileiro não tem um histórico forte de transparência."
Além da Copa, o Brasil vai realizar também a Olimpíada de 2016, no Rio.
O custo dos estádios e da infraestrutura de transportes para a Copa está oficialmente estimado em R$ 27,1 bilhões, quase metade dos quais no setor de transportes. A maior parte do restante será dividido em partes quase iguais entre estádios e aeroportos, que precisam desesperadamente de modernização.
A maior parte do dinheiro vem dos cofres públicos, e três sites diferentes monitoram as obras e gastos. Um é mantido pelo Ministério do Esporte, o outro pelo Senado, e um terceiro pela Controladoria Geral da União (CGU). O Tribunal de Contas da União (TCU) também divulga relatórios periódicos.
O problema, segundo os críticos, é que os sites não são confiáveis. "A informação que recebemos é incompleta, contraditória e atrasada", disse Castello Branco. "E frequentemente enganadora."
A comunicação poderia melhorar
Os dados sobre estádios, por exemplo, diferem de um site para outro. O site do Ministério do Esporte diz que a Arena da Amazônia, em Manaus, vai custar R$ 532,2 milhões; o site do CGU fala em R$ 515 milhões; no do Senado, a cifra é de R$ 505 milhões.
O site do Senado diz que o Maracanã, no Rio, terá capacidade para 79.378 pessoas; o Ministério do Esporte arredonda para 79 mil; o da CGU não cita esse dado.
Em outros casos, a informação parece deliberadamente opaca.
O site do Ministério do Esporte diz que o estádio de Itaquera, em São Paulo, terá 65 mil lugares e custará R$ 820 milhões. O preço, no entanto, é para um estádio de 48 mil lugares.
Os quase 20 mil assentos adicionais serão temporários. O governo paulista vai bancar a instalação e remoção, mas, passado mais de um ano da assinatura do contrato para isso, ainda não revelou o custo.
O governo estadual disse que está "estudando várias formas de resolver a questão", mas não indicou nenhum funcionário para dar entrevista. "A comunicação poderia melhorar", disse Luis Fernandes, secretário-executivo do Ministério do Esporte. Apesar disso, ele defendeu os esforços de transparência do governo federal, e disse que o ministério se baseia em dados das construtoras, prefeituras e governos estaduais para se manter informado - e também para informar o público.
Confusão em Recife
Um caso notável é o da Arena Pernambuco. O estádio, próximo a Recife, deveria originalmente custar US$ 532 milhões e ficar pronto seis meses antes da Copa.
Mas as autoridades decidiram construir o estádio de 46 mil lugares em 26 meses, em vez de 36, para poder receber também a Copa das Confederações, em junho de 2013, evento preparatório para a Copa.
Um ano se passou desde essa decisão, e as autoridades ainda não disseram qual será o acréscimo no preço por causa da aceleração nas obras. "Se houver um aumento no custo da obra, será imediatamente comunicado e colocado online no site da transparência", disse Fernandes. A construtora Odebrecht, responsável pelo estádio, admitiu que o custo vai subir, mas não entrou em detalhes sobre cifras.
"Não posso dizer o quanto", disse Marcus Lessa, diretor-gerente da Arena Pernambuco, consórcio comandado pela Odebrecht. "Mas não é por falta de transparência, os custos serão auditados."
Fernandes alertou que apenas alterações superiores a 20% do custo total são imediatamente registradas nos sites de transparência. Seria demorado demais atualizar cada pequena correção em todos os projetos, segundo ele. Funcionários da CGU admitiram que alguns dados estão desatualizados ou contraditórios, e disseram estar discutindo uma forma de agilizar o sistema, que funcionaria como uma central de informações relacionadas à transparência na Copa do Mundo.
Pelo sistema proposto, a CGU receberia de Estados e prefeituras dados sobre os gastos e o avanço das obras, e os transmitiria para ministérios e agências governamentais. Assim, os diferentes sites teriam todos a mesma informação, e haveria menor custo para governos estaduais e municipais, que hoje precisam se reportar várias vezes por mês a diversas instituições.
"Além de tornar essa informação disponível no nosso portal, vamos colocar em um banco de dados, e qualquer um poderá acessar", disse Fabio Santana, que assessora a CGU em questões de transparência.
Independentemente das discrepâncias, as autoridades se dizem satisfeitas com os sites e com o avanço que eles representam. A mera introdução desses sistemas numa nação conhecida pela falta de fiscalização nos gastos públicos já representa uma mudança para melhor, segundo Fernandes.
"É um passo positivo para a frente, e eu diria até que é um dos legados da Copa do Mundo."
Eu nunca
acreditei que teríamos isto, "transparência", até porque no Brasil politico é
tratado como Deus, quando é eleito e pode fazer o que quiser, e enquanto isto não
mudar, enquanto o povo não tiver consciência de quem é dono do poder e que ele
não passa de um funcionário publico, teremos sim, que conviver entre o céu e o
inferno.
Estive conversando
com um engenheiro sobre os custos das Arenas e principalmente desta em nossa
cidade. E pensava que se acelerando a obra, os custos iriam naturalmente
aumentar, mas a explicação que ouvi foi justamente o contrário, que os custos
diminuiriam.
Então me
reservo o direito de não comentar sobre uma coisa que não tenho certeza, certa
(como falam em Brasilia, Urgência, Urgentissima) rsrsrsrsrs.
Por ESPN.com.br com Agência Reuters, Foto: Divulgação.
Comentário: Roberto Queiroz. Tradução: Roberto Queiroz e Roberto
Queiroz Junior.
When Brazil won
the right to hold the World Cup in 2014, authorities promised they would be the
most transparent and at the best tournament ever held, and that not a penny of
taxpayer money would be used to work on stadiums and infrastructure.
Today, less than
two years of the opening match, these statements seem questionable.
Organizers have
created websites where the public can monitor the pace of work and expense, an
exercise in transparency that authorities say is unheard of in Brazil.
But critics say
the information is often contradictory or outdated. The cost of the projects
for stadiums and public transport went off, and authorities have not released
the budget for important areas such as telecommunications and policing.
The government
boasted that track spending would be "so easy that any citizen could sit
on your couch and see where the money was being used," said Gil Castello
Branco, secretary general of the Open Accounts website, which monitors spending
public. "But no matter if you're on the couch, in the kitchen or in the
office, nobody knows how much it is costing," he added.
The budget
overruns are common in nations that are preparing to hold events such as World
Cups and Olympics. But some say that the issues of transparency and
accountability are of particular concern in Brazil, which has a long history of
corruption and poor planning.
"The World
Cup reflects the state of the country where it happens," said Christopher
Gaffney, American professor of architecture and urbanism who lives in Rio and
Brazilian studies the preparations for the big event. "The Brazilian government
does not have a strong history of transparency."
Besides the
World Cup, Brazil will also hold the 2016 Olympics in Rio
The cost of
stadiums and transport infrastructure for the World Cup is officially estimated
at R $ 27.1 billion, almost half of them in the transportation sector. Most of
the remainder is split almost equally between stadiums and airports, in
desperate need of modernization.
Most of the
money comes from public coffers, and three different sites and monitor the
works spending. One is maintained by the Ministry of Sports, the other by the
Senate, and a third by the Comptroller General of the Union (CGU). The Court of
Audit (TCU) also publishes periodic reports.
The problem,
according to critics, is that the sites are not reliable. "The information
we receive is incomplete, contradictory and backward," says Castello
Branco. "And often misleading”.
Communication
could improve…..
Data on
stadiums, for example, differ from one site to another. The website of the
Ministry of Sport Arena says the Amazon in Manaus, will cost R $ 532.2 million;
CGU's site talks about R $ 515 million, in the Senate, the figure is R $ 505
million.
The website of
the Senate says the Maracana stadium in Rio, will have capacity for 79,378
people, the Ministry of Sport rounds up to 79 000, the CGU does not mention
this fact.
In other cases,
the information deliberately appears opaque.
The website of
the Ministry of Sports says the Itaquera stadium in Sao Paulo, will have 65,000
seats and will cost R $ 820 million. The cost, however, is for a stadium seats
48 000.
The nearly 20
000 additional seats will be temporary. The state government will fund the
installation and removal, but after over a year of signing the contract for
this, have not revealed the cost.
The state
government said it is "studying various ways to resolve the issue,"
but did not indicate any employee to give an interview. "Communication
could improve," said Luis Fernandes, executive secretary of the Ministry
of Sports. Nevertheless, he defended the transparency efforts of the federal
government, and said that the ministry is based on data from contractors, state
and local governments to keep informed - and also to inform the public.
Confusion in
Recife.
One notable case
is that of Pernambuco Arena. The stadium, near Recife, originally supposed to
cost R $ 532 million and be ready six months before the World Cup.
But the
authorities decided to build the stadium of 46,000 seats in 26 months instead
of 36, to receive also the Confederations Cup in June of 2013, preparatory
event for the World Cup.
A year has
passed since that decision, and authorities have not said what will be the
increase in price because of the acceleration in the works. "If there is
an increase in the cost of the work will be reported immediately and placed
online on the website of transparency," said Fernandes. The construction
company Odebrecht, responsible for the stadium, admitted that the cost will go
up, but did not elaborate on figures.
"I cannot
say how much," said Marcus Lessa, managing director of Arena Pernambuco, a
consortium led by Odebrecht. "But it's not for lack of transparency, the
costs will be audited."
Fernandes warned
that only changes greater than 20% of the total cost are immediately recorded
on the websites of transparency. It would be too time consuming to update each
small correction in all the projects, he said. GTU officials admitted that some
data are outdated or contradictory, and said they were discussing a way to
streamline the system, which would act as a clearinghouse of information
related to transparency at the World Cup.
For the proposed
system, the CGU of states and municipalities receive data on expenditures and
progress of the work, and to convey the government ministries and agencies.
Thus, all the different sites have the same information, and there would be
less cost to state and local governments, which now need to report several
times a month at various institutions.
"In
addition to making this information available on our website, we put in a
database, and anyone can access," said Fabio Santana, who advises the CGU
on transparency issues.
Regardless of
the discrepancies, authorities say they are satisfied with the site and with
the progress they represent. The mere introduction of these systems into a
nation known for its lack of oversight in public spending already represents a
change for the better, according to Fernandes.
"It is a
positive step forward, and I would even say that it is one of the legacies of
the World Cup."
I would have
never believed this, "transparency", because in Brazil politician is treated like
God, when is elected and can do what they want, and while this does not change,
while the people are not aware of who owns the power and the politicians are
nothing more than a public official, we still have to live between heaven and
hell.
I was talking to
an engineer about the costs of Arenas in our city. And I thought that
accelerating the work, the costs would naturally increase, but the explanation
I heard was just the opposite, that costs would decrease.
So I reserve the
right not to comment on something that I'm not sure, for sure….like some politicians
such as speaking in Brasilia, Urgency, Urgentissima, means, most urgency
rsrsrsrsrs.
By ESPN.com.br
with Reuters, Photo: Disclosure.
Comment: Roberto Queiroz. Translation: Roberto Queiroz and
Roberto Queiroz Junior.
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