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6 de janeiro de 2015

Mata-mata ou pontos corridos? Qual é a sua opinião?

Bruno Formiga.
[QUERER A VOLTA DO MATA-MATA É PREFERIR O ACASO AO PLANEJAMENTO. E SE ILUDIR COM O DISCURSO DA EMOÇÃO]
O novo presidente do Grêmio assumiu o cargo e uma bandeira. Recém-eleito, Romildo Bolzan Jr., garantiu que além de gerir o clube vai brigar pela volta do mata-mata. Um debate que só empurra o futebol brasileiro para trás. Mas não surpreende.
Eliminatórias andam lado a lado com o imponderável. E para os dirigentes talvez seja bem mais fácil administrar o acaso do que o planejamento. É melhor justificar fracassos com zebras do que admitir a própria incompetência.
A volta do mata-mata é um passo em falso. E sustentado em pilares pouco firmes.
O argumento de mais emoção é subjetivo e egoísta. O de mais público, em parte, mentiroso.
Defender o mata-mata por causa dos jogos decisivos é esquecer que já existe uma geração inteira com ótimas lembranças afetivas dos pontos corridos. Gente que vibrou jogo após jogo para não cair, para ir à Libertadores e por título (das 12 edições de Brasileirão disputadas nesses moldes metade definiu seus campeões na última rodada, por exemplo). Memórias tão fortes quanto as dos que cresceram acostumados com finais e partidas eliminatórias.
Cravar que o mata-mata tem mais jogos com algum valor também não é verdade. Quanto mais o torneio afunila menos torcidas vão sobrando. E mais times vão ficando pelo caminho. Nos pontos corridos os interesses se espalham e sobrevivem. Os tais jogos decisivos acabam passeando por muito mais rodadas.
Acreditar também que só o mata-mata motiva o torcedor também não é verdade. A média de público dos pontos corridos é maior, por exemplo, que as médias registradas nos Brasileiros da década de 1990 (confira o estudo do Futdados aqui:http://futdados.com/campeonatos-brasileiros-medias-de-publ…/). E perde para aglumas edições dos anos 70 e 80 por razões óbvias: os estádios tinham capacidade maior, o ingresso era proporcionalmente mais barato e praticamente todos os jogadores de seleção atuavam por aqui - ou seja, nada tem a ver com a fórmula de disputa.
Fórmula que, ao mudar, só trouxe evolução. E ganhos. Com os pontos corridos os clubes deram um salto de receita. Em todas as divisões. O calendário definido e previamente elaborado permitiu mais patrocínio, melhores cotas de tv e mais investimento nos planos de sócio.
Abrir mão disso por "mais emoção" é trocar o pouco de profissionalismo que temos por um saudosismo vazio.
Parece que os números não mentem, e que nosso comentário anterior está embasado em verdades.

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