Durante anos foi um dos grandes desconhecidos na Bundesliga. Sobrevivia graças ao financiamento da Volkswagen, cujos empregados fundaram a cidade no final do século XIX. Hoje conseguiu, pela primeira vez, ultrapassar por um dia a fama do seu patrono. Hoje a empresa do povo está de parabéns. Pela primeira vez o VL Wolfsburg conquistou a liga. A vitória que o povo alemão queria.
Não há clube com mais adeptos em terras teutônicas do que o Bayern Munchen. Mas, por uma vez, hoje todo o país esperava ansioso por um desfecho diferente do habitual. Um David contra Golias a centena de kilometros de distância com espectadores de luxo. Até quatro equipes podiam sagrar-se campeãs hoje. Mas só uma o merecia verdadeiramente. Os verdes e brancos começaram a temporada timidamente, ofuscados pelo brilhante arranque do Hoffenheim. A pouco e pouco, os gols do jovem Dzeko e do brasileiro Grafite, a viver uma segunda juventude, foram levando o Wolfsburg subir pela tabela. Até que chegou aquele jogo contra o Bayern. A equipe de Munique liderava a prova, depois de ultrapassar o campeão de inverno, e podia ter rematado o campeonato. Mas Felix Magath - que já logrou o titulo na capital da Baviera e foi posteriormente despedido sem apelo nem agravo, simplesmente foi dispensado - tinha um trunfo na manga. A equipe do povo saiu derrotada por 5-1 com aquele gol inesquecível de Grafite. O momento de ousadia que definiu a temporada.
Com o coração nas mãos a equipe do Wolfsburg chegou á última jornada apenas a depender de si própria. Mas na Alemanha já viram este filme com um destino trágico para os que se atreviam a desafiar os bávaros. O Bayern tinha de enfrentar o Sttutgart - em terceiro e com opções de ser campeão - e o Hertha de Berlin também tinha opções. E o pior era que o rival era nem mais nem menos que o Werder Bremen, ferido no orgulho pela derrota de quarta-feira em Istambul, e com Diego a querer despedir-se em grande estilo. Havia muito em jogo e a pressão era total. Os outros não tinham nada a perder. O pequeno clube de Wolfsburg tinha de dar tudo que podia.
Os contos de fada, ainda existem. Em Munique o Bayern fez o seu papel e bateu o rival direto. Tudo dependia do que estivesse a passar nesse momento no Volkswagen Arena. Doze anos depois de subir de divisão o público finalmente pode explodir de alegria. O gol de Diego foi indiferente. Tal como tinha acontecido em tantas ocasiões, o duo atacante da equipe da casa resolveu o jogo e o titulo. O brasileiro Grafite marcou mais dois gols, e com 28 sagrou-se melhor ATACANTE da prova. O seu inseparável companheiro bósnio, Edin Dzeko, também marcou e desatou a euforia no estádio. Magath sorria no banco. O apito final nem era necessário já que o marcador marcava 5-1 a favor. Fez-se história no futebol alemão e voltou a provar-se de que um projeto sólido vale muito mais que um orçamento milionário. Josué, Dzeko, Grafite, Barzagli, Benaglio, Zaccardo, Misimovic ou Ricardo Costa, não são grandes estrelas com salários milionários. Mas Magath - que já anunciou que para o próximo ano será o técnico do Schalke 04, soube montar um plantel equilibrado e trabalhador. Nunca abdicou do futebol de ataque e recebeu o justo premio final.
É apenas o primeiro titulo e perante a debandada de alguns dos seus nomes mais ilustres, a começar pelo técnico, pode até bem ser o único da história deste pequeno clube. Longe continua o Bayern com os seus 20 campeonatos em 50 anos de prova. Mas se algo aprendeu este ano é que o valor dos sonhos faz milagres. Em Wolfsburg os mais novos já têm uma história para contar aos seus netos….”Lembro-me bem daquele dia em que a cidade se vestiu de verde…foi a 23 de Maio de 2009 que fomos campeões da Alemanha…naquele dia todos sentimos que era a vitória que o povo queria”.
E o Brasil estava lá, presente, marcando sua história. Com GRAFITE, que começou aqui mesmo no Santa Cruz e os jornais e a imprensa especializada do Sudeste só registra que ele foi do São Paulo, que pena, esta discriminação, afinal todos nós somos Brasileiros.
O CAMPEÃO ALEMÃO DE 2009.
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