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27 de outubro de 2009

A semana decisiva, nem tanto acredito eu.


Arte: Jarbas/DP/D.A Press
O Campeonato Brasileiro ainda estava na metade quando começou a se tornar um senso comum de que o destino de Náutico e Sport na competição passaria diretamente pelo clássico nos Aflitos, na 32ª rodada. Os jogos foram acontecendo, as oscilações continuaram e os prognósticos acabaram se confirmando. Os próximos dias realmente serão decisivos para a definição da zona de rebaixamento da Série A e, conseqüentemente, do futuro do futebol estadual.

Com o Coritiba abrindo uma distância momentaneamente segura (5 pontos) para a ZR e o Fluminense numa situação proporcionalmente oposta (a 5 pontos de encostar no 16º colocado), a disputa se concentra em quatro clubes por uma vaga. A matemática é tão apertada que, dentro de uma rodada, todas as posições podem se inverter. A ordem atual é Santo André (16º), Náutico (17º) e Botafogo (18º) com 32 pontos e o Sport (19º), com 29. Hoje estes quatro times lutam por uma única vaga na Série A em 2010. Faltando 7 jogos, ainda é possível que outros times (como Atlético-PR e Coritiba) entrem diretamente nesta disputa e até abram uma outra vaga. É possível, mas não é provável.

Para Náutico e Sport, a semana tem contornos ainda mais dramáticos - fundindo o aspecto matemático com o emocional. Quanto mais próximo vai ficando, mais decisivo o clássico se torna. Os dois clubes colocaram a vitória como ponto fundamental nas contas de sobrevivência. E ambos estão certos. O Náutico, que só terá mais três jogos nos Aflitos, sabe que perder pontos em casa a esta altura do Campeonato seria um prejuízo irreversível. Já o Sport, mesmo com uma partida a mais para fazer na Ilha, sabe que a 'matemática da salvação' só fecha com uma vitória fora. E se não for contra o Náutico, teria que ser contra Palmeiras ou São Paulo, ambos na reta final da luta pelo título.

Mas a verdade é que, faltando seis dias para o duelo, os dois clubes não sabem sequer em que condição vai estar na classificação. Antes do clássico, a rodada do meio de semana pode criar situações extremas como o Náutico sair da zona de rebaixamento e abrir seis pontos sobre o Sport ou, acontecer o inverso, os rubro-negros chegarem aos Aflitos à frente do time alvirrubro.

Razões para acreditar e razões para duvidar, os quatro clubes têm. Cada um se apega a um cálculo, a uma projeção de jogos, uma forma particular de relacionar a classificação atual e a tabela dos últimos sete jogos. O Náutico, por exemplo, considera os confrontos diretos contra os três adversários o seu maior trunfo. É, sem dúvida, isso faz o Timbu ser o time que mais depende das próprias forças. O Sport, por sua vez, se apega no fato de ser a equipe com melhor desempenho no turno (entre todas que ainda correm risco de queda) e, sobretudo, à vantagem de ainda fazer cinco jogos no Recife.

Entre os planos "perfeitos" e os possíveis está à obrigação de ter nesta reta final um desempenho superior ao que foi feito até aqui. Entre a matemática e a realidade, está o futebol e seus detalhes, com a imprevisibilidade que acompanha a (in) competência. Entre a vida e a morte, falta uma semana.

Náutico

Pontos: 32
Jogos: 3 em casa e 4 fora

Botafogo (fora)
Sport (casa)
Santos (fora)
Flamengo (casa)
Corinthians (fora)
Santo André (fora)
Avaí (casa)

Razões para acreditar

1.Confrontos diretos
O Náutico é o time que depende mais das suas próprias forças por ser o único que enfrentará justamente os três rivais diretos: Botafogo, Sport e Santo André. Se vencer esses três jogos estará praticamente salvo do rebaixamento - principalmente porque tiraria pontos de Botafogo e Santo André dentro da casa deles; e, na melhor das hipóteses, deixaria o Sport com a corda no pescoço.

2.Só um adversário luta pelo título
Fazendo uma relação direta entre os sete adversários e a posição que ocupam na classificação, percebe-se que o Náutico é a equipe com a tabela teoricamente mais fácil entre os quatro times em questão. Dos seis times que lutam pelo título e Libertadores, o Timbu só enfrenta o Flamengo. E, para completar, ainda terá jogos fora de casa contra os "descompromissados" Santos e Corinthians.

3.A força em casa
Entre os quatro rivais diretos, o Náutico é o que possui o melhor aproveitamento em casa. Ganhou 52,1% dos pontos disputados (o Sport ganhou 51,1%; o Santo André 41,7%; e o Botafogo apenas 40%).

Razões para duvidar

1.Quantidade e dificuldade dos jogos em casa
O Náutico terá apenas três partidas nos Aflitos (uma a menos que Sport e Botafogo) e para piorar, uma delas será o clássico - o que, de certa forma, neutraliza uma parte da vantagem de ter o mando de campo. O jogo contra o Flamengo, pelo momento que atravessa o adversário, também é um complicador para as pretensões (e necessidade!) do Timbu de somar nove pontos em casa.

2.Desempenho fora
O Sport tem o pior aproveitamento fora de casa, mas a verdade é que o desempenho do Náutico é praticamente o mesmo. Somou apenas 7 pontos dos 45 disputados. E o que assusta mais é que destes sete pontos, quatro foram nas duas primeiras partidas fora (Goiás e Atlético-PR) e um foi justamente contra o arqui-rival na Ilha do Retiro. Ou seja, nos outros 12 jogos, o Náutico só conseguiu dois empates. Para escapar, precisará mudar radicalmente a postura longe dos Aflitos.
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Santo André

Pontos: 32
Jogos: 3 em casa e 4 fora

Cruzeiro (fora)
Grêmio (casa)
Corinthians (fora)
Goiás (fora)
Avaí (casa)
Náutico (casa)
Inter (fora)

Razões para acreditar

1.Menor pressão
O time do ABC paulista tem a vantagem de não viver maiores instabilidades. Sem uma torcida pressionando, a equipe entra nesta reta final com os jogadores mais tranqüilos. Um exemplo disso foi a boa vitória construída sobre o líder Palmeiras na última rodada.

2. Adversários desinteressados
Existe uma possibilidade de o Santo André enfrentar Corinthians, Goiás, Avaí e - talvez até mesmo o Grêmio - sem maiores pretensões no Campeonato (no caso dos três últimos, lutando pela Sul-americana). Isto pode acabar sendo um fator de desequilíbrio, já que seus rivais terão jogos duros contra os que brigam por título, Libertadores e também em confrontos diretos. Mas, repetindo, é apenas uma possibilidade - já que Grêmio e Goiás ainda sonham com Libertadores.


Razões para duvidar

1.Falta de apoio em casa
Parece contraditório, mas não é. A falta de uma torcida grande e presente tornam o time do Santo André menos pressionado, mas também deixa os jogos no estádio Bruno José Daniel com perfil de campo neutro. Isto pode ser um fator negativo contra Grêmio e Avaí, mas principalmente contra o Náutico na penúltima e sempre decisiva rodada.

2.Quatro jogos duros fora
Ter um jogo a menos que Botafogo e Sport em casa já é um problema. Porém o mais complicado é a dificuldade das partidas fora de casa - o que pode mudar de acordo com os interesses dos times. Mas a verdade é que - em condições normais - pontuar contra Cruzeiro, Inter, Goiás e Corinthians em seus estádios é sempre uma missão complicada.
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Botafogo

Pontos: 32
Jogos: 4 em casa e 3 fora:

Náutico (casa)
Inter (fora)
Coritiba (casa)
Barueri (fora)
São Paulo (casa)
Atlético-PR (fora)
Palmeiras (casa)


Razões para acreditar

1.Quantidade de jogos em casa
O time carioca terá um jogo a mais em casa do que os rivais que estão empatados com 32 pontos (Náutico e Santo André) e se conseguir se impor como mandante, estará um passo a frente dos rivais. No entanto, o desempenho do alvinegro em casa é pífio (40%) e os adversários serão complicados.

2.Bom desempenho fora
Dos quatro em questão, o Botafogo é o time que mais somou pontos fora de casa. Foram 14 até aqui. Para se ter uma ideia, Náutico e Sport juntos, somaram apenas 13.


Razões para duvidar

1.Critérios de desempate
Este é o ponto de maior vulnerabilidade do Botafogo. A quantidade exagerada de empates (14) deixa o time em desvantagem irreversível nos critérios de desempate.

2.Três adversários lutam pelo título
Dos sete jogos, três serão contra times que brigam ponto a ponto por título e Libertadores. E o pior: Dois destes jogos serão no Engenhão (contra São Paulo e Palmeiras). Se o Botafogo já é um péssimo mandante, jogando contra equipes muito mais fortes, o risco de perder pontos é imenso.

3.Vive um péssimo momento
O Botafogo havia saído da ZR e, mais uma vez, não conseguiu engrenar uma boa sequência de jogos e acabou desabando de novo. No 2º turno, é o último colocado entre os 20 times, com apenas 11 pontos somados. Chegou a abrir oito pontos para o Sport (19º colocado) e agora são apenas três.
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Sport

Pontos: 29
Jogos: 4 em casa e 3 fora

Coritiba (casa)
Náutico (fora)
Cruzeiro (casa)
Palmeiras (fora)
Fluminense (casa)
Inter (casa)
São Paulo (fora)


Razões para acreditar

1.Dos 7 jogos, 5 serão no Recife
Esta é a mais significativa vantagem do Sport para os seus três rivais. E não por acaso é justamente neste ponto que se baseia os planos de salvação do técnico Chamusca. Serão quatro partidas em casa (o que já é uma vantagem em relação ao Náutico e Santo André, que só têm 3) e ainda o clássico nos Aflitos - onde historicamente tem um bom retrospecto.

2.Entre os rivais, é o melhor time do 2º turno
Entre os quatro times em questão, o Sport é o que mais somou pontos no returno. Foram 16 até aqui (contra 14 do Náutico e do Santo André e 11 do Botafogo). É o 9º colocado geral do 2º turno. Números que revelam um crescimento técnico da equipe, inclusive individualmente. A sensação no clube é que o pior já passou e a confiança aumentou para a reta final.

3.Critérios de desempate
Esta é uma espécie de carta na manga do Leão. Caso vença um jogo e tire os três pontos de desvantagem para os rivais, o Sport é o que tem a melhor situação nos critérios de desempate. Hoje, ainda com uma vitória a menos, já tem o saldo igual ao do Santo André (-13) e um maior número de gols marcados (40 x 31). O Náutico tem um saldo bem pior (-17) e o Botafogo apenas seis vitórias (contra 8 de Náutico e Santo André).


Razões para duvidar

1.Desvantagem na pontuação
Esta é a razão mais óbvia e a mais significativa. O Leão entra para a reta final com três pontos a menos que os seus três rivais. Tudo bem que ainda restam 7 partidas, mas quando se está na zona de rebaixamento, três pontos valem muito. E o que torna ainda pior a situação: caso o time tropece em casa pode ver os rivais se distanciarem demais.

2.Quatro adversários lutam pelo título
Se a tabela é boa para o Sport pela quantidade de jogos no Recife, ela revela o seu lado cruel na força dos rivais. O Leão terá pela frente quatro times que lutam diretamente pelo título e pela Libertadores: Cruzeiro, Palmeiras, Inter e São Paulo. Este panorama só pode melhorar um pouco se Inter ou São Paulo ficarem pra trás nessa briga, já que são os dois últimos adversários do rubro-negro.

3.Desempenho fora
De todos os times do Brasileiro, o Sport é o único que não venceu fora. E para evitar o rebaixamento, esta vitória (nem que seja nos Aflitos) é praticamente uma obrigação.
Diário de Pernambuco.

Bem pessoal, aqui está à análise do pessoal do Diário de Pernambuco. Gosto muito da linha que eles seguem por isso coloco aqui toda a reportagem, lógico que fazendo meus comentários.

O Sport, para mim, é o que está em melhor situação, mesmo o seu Técnico querendo garantir seu emprego e geralmente arrastando o time no segundo time para um jogo atrás da linha da bola e invariavelmente o time leva sufoco, leva gols ou então perde o jogo.

Todos que gostam de futebol, que vêem resenhas esportivas, que vão aos jogos, que acompanham o futebol ou que são apenas torcedores, têm sua própria maneira de ver e enxergar o jogo, mas lê o jogo é diferente, precisam-se mais do que isto, precisa aprender a entender estrategicamente a montagem do time e a maneira que as peças se movimentam.

Não acredito que as coisas se definirão nesta semana, nem para os times pernambucanos nem para os do Rio de Janeiro, as coisas ainda ficarão embaçadas e deverão ir até o último jogo do campeonato brasileiro. Vamos ter um grande “finale”, tanto lá em cima, quanto lá embaixo.

QUEM VIVER VERÁ.

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