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1 de novembro de 2009

Roberto Dinamite diz que já sonha até com Mundial.


Presidente vai a uma caravela, no Rio, e aponta acertos do plano vascaíno

Ao olhar para a popa da caravela, Roberto Dinamite vê nuvens negras se afastarem no horizonte. O presidente vascaíno demonstra cansaço perto do fim da árdua rota até a Primeira Divisão. O céu cada vez mais azul faz com que a esperança se renove e novos portos comecem a fazer parte do imaginário do dirigente, capitão da nau quando a tormenta do rebaixamento fez com que o futuro do Gigante da Colina fosse colocado em xeque.

Da queda até a disputa do Mundial, desejo maior de Roberto Dinamite e de todos os vascaínos, o caminho é longo. De qualquer forma, a passagem do Vasco pela Segunda Divisão serve de parâmetro do que o clube deve ou não repetir na temporada do ano que vem. Confira nesta entrevista concedida ao LANCENET! o que Dinamite vislumbra do passado, do presente e do futuro vascaíno.

Bruno Marinho: Roberto Dinamite, o que esperar do Vasco ano que vem com o retorno para a Primeira Divisão?

Existe um planejamento. Buscamos um time competitivo e também queremos reforçar a estrutura do futebol, com centro de treinamento para a base e o profissional. Nós vamos sonhar alto, navegando em mares mais tranquilos e quando tiver uma tempestade, que possamos estar mais fortes ainda para superá-la. Precisamos nos manter no rumo certo, com os pés no chão e muito equilíbrio. Nós ainda não atingimos o objetivo maior de nossa passagem pelo Vasco, estamos completando apenas uma etapa. Temos esse direito de sonhar. Vamos buscar a cada momento reforçar o elenco.

BM: Esse sonho do Vasco tem o Mundial de Clubes como porto final no futuro?

Tudo são etapas que estaremos cumprindo, mas por que não? O rebaixamento serviu para olharmos o que está certo, o que estava sendo feito errado. Disputaremos o Carioca e o Brasileiro, por que não sonhar e sonhar mais alto? O Vasco é grande, tem tradição e, sim, esta é a nossa meta, estar no topo em todos os sentidos. Queremos vencer o Carioca, o Brasileiro e, posteriormente, a Libertadores. Podemos sonhar com o Mundial. O porto final seria o Japão. Mas isso tudo é em etapas, dentro do que planejamos.

BM: Você sabe que a cobrança da torcida será ainda maior em 2010. O Vasco está preparado para isso?

A cobrança tem de existir. Nós, no primeiro momento, estaremos prestigiando os jogadores que estão no clube, que aceitaram o desafio de disputar a Segunda Divisão. Hoje, eles são uma referência para o Vasco, todos os jogadores que vieram e cresceram dentro do ano. Muitos nomes conhecidos foram procurados por nós e não aceitaram vir para cá quando caímos. No sentido contrário, de jogador que abraçou o clube, Carlos Alberto serve de referência.

BM: Quais são os planos do Vasco para o Carlos Alberto?

Queremos renovar o contrato dele por mais tempo. Ele é novo, mas ainda assim rodado, e topou fazer parte do nosso projeto. Que o Carlos Alberto sirva de exemplo de humildade, de uma pessoa que pensa lá na frente, que sabe enxergar o sucesso futuro. Se Deus quiser, ele vai ser a referência do título da Série B deste ano e também durante todo 2010. Que ele possa repetir a importância que teve dentro e fora de campo.

BM: Qual você considera o maior benefício desta campanha vitoriosa na Série B?

Posso dizer que a grande conquista que tivemos foi em relação ao torcedor do Vasco. Ele acreditou no clube quando fomos rebaixados e em nenhum momento desconfiou que poderíamos não voltar para a Série A. A autoestima dos torcedores melhorou muito, eu nunca tinha vivido isso dentro do Vasco, é algo muito especial, a participação da torcida, apoiando a todo instante. Isso foi fundamental para que o trabalho ganhasse a confiança das pessoas e a nossa própria confiança. Posso dizer que 99,9% dos torcedores vascaínos acreditaram neste projeto, acreditaram nesta volta. Por isso, estamos aqui, voltando com muita força, com muito pé no chão. Sabemos que vamos encontrar muita cobrança pela frente, mas estamos preparados para isso. Que 2010 seja repleto de conquistas.

BM: De quem é o maior mérito neste retorno do Vasco para a Primeira Divisão?

Estão todos de parabéns, porque foi um trabalho de equipe, todos tiveram uma participação e também a torcida merece ser festejada. Desde que fomos rebaixados, tivemos muitas reuniões, eu nunca tive tantas reuniões na vida. Tudo foi feito para que traçássemos um plano para o time e a comissão técnica. Foi feito um planejamento, buscamos uma equipe que já tivesse vivido esta situação de Segunda Divisão, tanto com a vinda do Rodrigo Caetano quanto com a vinda de toda a comissão técnica. Dorival Júnior se propôs a isso, ele tinha uma situação muito boa para continuar no Coritiba, para ir para o Palmeiras. Entretanto, ele acreditou no projeto. Essas pessoas merecem receber um reconhecimento.

BM: É possível imaginar todos estes planos para o ano que vem sem a permanência de Dorival Júnior no clube?

Esta é uma situação que vai depender muito mais da vontade do treinador, como foi na primeira vez. O Vasco reconheceu o trabalho do técnico e acreditou na contratação dele. O primeiro passo é tentarmos discutir 2010 torcendo e querendo muito que o Dorival Júnior permaneça no Vasco.

BM: Depois de quase um ano ter passado, como você se lembra daquele fatídico dia do rebaixamento do Vasco?

Nosso sonho é garantir a volta para a Primeira Divisão neste jogo contra o Fortaleza e fazer o nosso trabalho visando ao título. Nosso objetivo mais importante é voltar para a Série A, de onde nunca deveríamos ter saído. Hoje, estou vivendo uma situação nova, mas o rebaixamento é algo que nunca será esquecido. Foi um momento muito duro, de muita tristeza. Mas fica também a eterna lembrança da torcida, que a partir daquele momento, logo depois da queda, se manifestou ao nosso favor, mostrou confiança no nosso projeto. Hoje, mais do que nunca, estamos premiando a torcida. Para mim, é um motivo de muito orgulho dizer que o Vasco hoje está na Primeira Divisão. Não queremos sonhar demais e também precisamos ter a esperança de que o trabalho pode dar certo. Contamos com planejamento, trabalho e dedicação. Que o coração vascaíno bata ainda mais forte em 2010.

Que beleza ver isto acontecer em nosso País de tanto amadorismo, de tantos dirigentes maléficos e interessados em outras coisas, agora vai camarada, mostra o porquê de sua atitude em querer ser presidente deste clube.

PARABÉNS. Tenho certeza de que agora, surgirão outros como voce, e parece que já estou vendo um Rogério Ceni, Marcos, e outros, querendo mostrar que o futebol tem e deve ser dirigido por quem sabe o que é futebol de dentro para fora. Temos um longo caminho, se precisa estudar como gerir o clube também, mas acima de tudo, precisa se conhecer o que se pretende fazer e o planejamento tem que partir de pessoas que estiveram lá.

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