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22 de fevereiro de 2010

Time de executivos tenta profissionalizar a gestão do Santos.


Clube escala craques da Gol, Inpar, Santander, Natura e Oi para contratar jogadores como Robinho e levantar recursos no mercado de capitais.

Em uma tarde no final de janeiro, o presidente do conselho de administração da Gol, Álvaro de Souza, participava de uma reunião em seu escritório, no sétimo andar de um edifício comercial na Avenida Juscelino Kubitschek, na capital paulista. Era a quinta vez, em menos de um mês, que se reunia para tratar do mesmo tema com um grupo de homens de negócios que incluía banqueiros, empresários e executivos de grandes companhias.

Ao contrário do que se possa imaginar, o assunto não era a segunda maior empresa aérea do país. Acomodados ao seu lado, ou por teleconferência, todos acompanhavam o relato do vice-presidente do Santos, Odílio Rodrigues Filho, e do gerente de Marketing do clube, Armênio Rodrigues Neto.

Despachados à Inglaterra para negociar com o Manchester City o retorno do atacante Robinho ao Brasil, ambos expunham por telefone os termos que a equipe inglesa exigia para liberá-lo - o principal era que não pagariam um tostão de seu salário enquanto estivesse emprestado à Vila Belmiro. Um salário, diga-se, de 1 milhão de reais mensais, dos quais o Santos só conseguiria bancar 160.000 reais. Após uma hora de debates, os participantes concluíram que era possível repatriar o jogador.

Odílio recebeu o sinal verde para assinar o acordo. Para comemorar, o presidente alvinegro, Luis Álvaro de Oliveira Ribeiro, presente à reunião, estourou uma champagne e brindou com Souza e os demais.

A volta de Robinho é considerada a primeira grande vitória de um grupo de homens de negócio que tentava, havia quase 20 anos, influenciar os rumos do Santos. "Eles foram absolutamente decisivos neste episódio", afirma Ribeiro. O embrião da turma se formou em 1992, com Álvaro de Souza, que na época era um executivo em ascensão no Citibank do Brasil - e viria a presidir o banco no ano seguinte.

Inconformados com a estiagem de títulos - o último havia sido conquistado em 1984 -, uma trupe de executivos santistas começou a discutir como fazer o clube voltar aos bons tempos. A idéia era colocar sua experiência corporativa a favor da diretoria da equipe - já comandada, naquela época, por Marcelo Teixeira - para melhorar a gestão, captar recursos e investir em bons jogadores.

As conversas com a diretoria do time não foram adiante, mas o grupo nunca mais se separou. Em 2002, no mesmo ano em que o Santos conquistou o Campeonato Brasileiro e revelou a geração de Robinho, Diego e Elano, a turma de torcedores engravatados ganhou ares de torcida organizada. Os empreendedores alvinegros fundaram a Resgate Santista, uma agremiação com a qual colaboram mensalmente e que se reúne sem muita periodicidade na casa ou no escritório de quem estiver disponível.

No ano passado, para eleger Ribeiro presidente do clube e encerrar a hegemonia de Marcelo Teixeira, a Resgate entrou em campo com um time de peso, reunido na Gestão Unificada de Inteligência e Apoio ao Santos (Guia). Entre seus 22 integrantes, figura nomes como o de Álvaro Simões (presidente da incorporadora Inpar); Celso Loducca (da agência de publicidade Loducca); Fábio Barbosa (presidente do Santander e da Febraban); Guilherme Leal (um dos donos da Natura); Luiz Eduardo Falco (presidente da Oi); e Pedro Mello, presidente da KPMG.

Da cartola ao terno e gravata.

O objetivo desses pesos-pesados do mundo corporativo é promover uma verdadeira reviravolta na situação do clube. "Hoje, dos quatro grandes clubes paulistas, o Santos é o que possui a situação mais delicada", afirma Claudinei Santos, coordenador do Núcleo de Negócios do Esporte da ESPM. Ninguém sabe o tamanho da dívida do clube - nem mesmo seus atuais dirigentes, que evitam falar em cifras publicamente. "Os números estão sendo auditados pela KMPG", afirma Ribeiro.

De concreto, o balanço de 2008 (último disponível) mostra uma dívida de 45 milhões de reais. Parte desse compromisso é de empréstimos bancários cujo avalista é a Universidade Santa Cecília, controlada pelo ex-presidente do Santos, Marcelo Teixeira. O cartola também teria alegado que aplicou 12 milhões de reais do próprio bolso no time. No final do mandato, ameaçou vender jogadores como Neymar, Rodrigo Souto e Paulo Henrique Lima para quitar parte das dívidas da equipe consigo mesmo.

Agora, o Santos quer trocar os tempos da cartola pelos do terno e gravata. Os executivos e empresários não apenas ajudaram a eleger Ribeiro, mas também estão participando da administração da Vila Belmiro. Álvaro de Souza, da Gol, José Berenguer Neto (vice-presidente do Santander), Walter Schalka (presidente da Votorantim Cimentos), e Eduardo Vassimon (membro do conselho de administração do Itaú BBA) tornaram-se, oficialmente, assessores especiais da direção. No organograma do clube, reportam-se a Ribeiro.

Na prática, porém, eles são os representantes de um comitê gestor que é o verdadeiro órgão de decisão do clube. Além dos quatro, essa instância é integrada ainda por Álvaro Simões, da InPar; Fernando Silva (diretor de negócios da Time For Fun); Fernando Martins (diretor de Marcas e Estratégia do Santander); o advogado Luiz Eduardo Lucas; Ribeiro (presidente do Santos) e Odílio Rodrigues Filho (vice-presidente do clube).

O comitê reúne-se durante duas horas a cada 15 dias, mas vários e-mails e telefonemas são trocados nesse meio-tempo. Como a grande maioria dos integrantes mora na capital paulista, os encontros costumam ser na casa de algum deles. Além de questões administrativas de rotina, são discutidas as estratégias do clube. Todas as decisões são tomadas por consenso, segundo Ribeiro. Depois de trazer Robinho de volta, o próximo passo dos novos dirigentes santistas é preparar o clube para a criação de um fundo de investimentos de 40 milhões de reais. Os recursos serão aplicados na compra dos direitos econômicos de jogadores em ascensão.
O IPO do Santos

A intenção é lançar o fundo ainda neste ano, mas, para tanto, o clube passará por um verdadeiro choque de governança corporativa. A reestruturação soa quase como uma abertura de capital. Primeiro, renegociar a dívida e alongar seu perfil algo a cargo dos executivos de finanças que se tornaram assessores especiais. Segundo, profissionalizar a gestão. A diretoria e os assessores especiais não são remunerados.

Já os gerentes executivos, que ganham para trabalhar no clube, foram selecionados com critérios de mercado. Alípio Labão, novo gerente administrativo, por exemplo, possui mestrado e doutorado na área. Armênio Neto, responsável pelo Marketing, tem curso de especialização em Marketing esportivo. Tudo isso deve ser formalizado por um novo estatuto, que a diretoria espera aprovar no primeiro semestre. O documento deve estabelecer limites para a reeleição dos dirigentes; direito de voto mais amplo para os associados; e a obrigação de auditar os balanços do clube.

Arrumar a casa é uma das condições indispensáveis para lançar o fundo de investimentos. O motivo é o modelo que o time quer adotar. Ao contrário dos demais, o fundo alvinegro passará por toda a tramitação de um produto financeiro convencional, incluindo o registro na Comissão de Valores Mobiliários (CVM). É provável, porém, que a aplicação seja oferecida apenas a investidores qualificados - aqueles que, no jargão do mercado, desembolsam no mínimo 300.000 reais. Sua elaboração é acompanhada mais de perto por Álvaro de Souza, Berenguer e pelo advogado Luiz Eduardo Luca.

Fundos de investimento em jogadores de futebol não são propriamente uma novidade. Há pelo menos quatro no Brasil, que administram um patrimônio total de 250 milhões de reais. O Cedro, por exemplo, é o principal veículo de investimento da Traffic no Palmeiras. Mas, antes mesmo antes de sair do papel, o fundo santista já é considerado uma inovação. "Será a primeira vez que o futebol irá ao mercado de capitais de verdade", afirma o advogado Ivandro Sanchez, especialista em Esportes e sócio do escritório Machado, Meyer, Sendacz e Ópice. A grande inspiração da Vila Belmiro são, obviamente, os clubes europeus. O Benfica e o Barcelona, por exemplo, já contam com fundos de investimento públicos, com gestores profissionais, prospectos de investimento e expectativa média de retorno.

É claro que os times brasileiros ainda estão bem distantes de, literalmente, lançar ações na bolsa, como já fizeram o inglês Manchester United e o espanhol Real Madrid. Mas a entrada em campo de empresários e executivos de peso é um sinal da vontade de profissionalizar esse esporte. "A participação de pessoas deste nível é muito saudável, porque ajuda a melhorar o ambiente do futebol", afirma Sanchez, da Machado, Meyer, Sendacz e Ópice Advogados. Resta saber se Álvaro de Souza, Walter Schalka e companhia conseguirão repetir, fora de campo, às jogadas rápidas e as pedaladas que levou o Santos à atual liderança do campeonato paulista.

Fonte: Exame.

Finalmente estamos vendo um clube administrando seus jogadores como um patrimônio real e de valor, integrando seus atletas como capital ativo de debêntures. Seguindo padrões europeus e contratando profissionais experiente e de conhecimento comprovado para administrar seus rendimentos, falando em auditoria, balancetes transparentes, ou seja, falando em uma administração profissional onde falar sobre um "recebimento" de valores referentes a venda de um atleta do clube não seja considerado, "negócio de foro intimo," como falou o presidente do Sport Clube do Recife, recentemente sobre a negociação do atleta Moacir e que até agora não se sabe ao certo o que houve.

Anteriormente, escrevi sobre os valores das "multas" dos atletas, Neymar e Ganso, estarem seguindo os valores internacionais de mercado. Agora temos conhecimento desta bateria de pessoas de alto nivel, entrando de cabeça no futebol, lógico que ninguém da murro em ponta de faca, então vamos esperar para ver.

E esperamos que o “lucro” fique no próprio clube, ao invés de migrar para os bolsos dos investidores, como pagamento desta “ajuda” com “juros" ou “comissões”, “prêmios,”, ou seja, lá que nome dê a isto, e o clube do Santos fique sem nada, aliás, como acontece no futebol inglês, onde todos continuam na bolsa e sem dinheiro. Esperando "Sheiks" arabes para "comprarem" as massas falidas.

Precisamos nos mirar nos exemplos que deram certo do contrário veremos o dinheiro gerado pelo futebol sair do próprio negócio, e isto vai de encontro aos ditames da própria FIFA.

Um comentário:

melhoresjogadoresdefuteboldomundo.blogspot.com disse...

Legal esse marketing que estão surgindo nos clubes do Brasil como Santos e Corinthians.Esses investimentos são ótimos em todas as áreas,pro clube mais dinheiro em caixa podendo fazer pagamentos em dia e sanando dívidas,pros jogadores no caso de Robinho,volta pra cá apresentando um bom futebol em pleno ano de Copa do Mundo e por fim pra nós apaixonados torcedores,vendo jogadores queridos defendendo nossos rimes do coração.Parabéns pelo blog,convido você a participar do meu também.Abraços Armando Torrão.

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