Páginas

31 de maio de 2012

ASTRO DO FUTEBOL BRASILEIRO DEIXA SUA MARCA NA POLÍTICA TAMBÉM / FOOTBALL STAR MAKES HIS MARK IN POLITICS TOO.







Rio de Janeiro – Durante sua carreira de décadas no futebol, Romário de Souza Faria, malandro de jogo bonito amado no Brasil, gostava de provocações. Ele festejava até de madrugada enquanto seus companheiros amargavam a concentração, brigava com torcedores, menosprezava repetidamente o rei Pelé e sempre reclamava de ter de treinar.
"Se me tornarei um técnico no futuro?" disse ele certa vez, antes de marcar seu milésimo gol e pendurar as chuteiras. "De jeito nenhum. Eu nunca conseguiria aguentar um sujeito como eu." Naturalmente, mesmo assim ele acabou treinando por um tempo seu antigo clube, o Vasco da Gama.
Hoje, porém, Romário vem agitando os brasileiros num novo domínio: a política.
Eleito para o congresso em 2010, Romário, com 46 anos e ostentando vários cabelos brancos, surgiu como um dos parlamentares mais francos do Brasil, defendendo os direitos de deficientes físicos e oferecendo críticas contundentes sobre a cultura política brasileira e suas preparações para a Copa do Mundo de 2014.
E de forma ainda mais surpreendente, Romário – que costumava dizer que seus companheiros de seleção chegavam para treinar na mesma hora em que ele voltava das boates – também figura entre os políticos mais esforçados do país, possuindo um registro de presença quase perfeito.
"A tendência de todos é evoluir", declarou Romário numa recente entrevista em sua cobertura na Praia do Pepe, uma das faixas de areia mais exclusivas do Rio.
De fato, Romário parece ter adotado tal mudança pessoal que os passantes às vezes precisam olhar duas vezes para reconhecê-lo. Usando óculos e quase sempre de terno preto, o ex-atacante de 1,65 metro, cujo apelido continua sendo "Baixinho", quase poderia ser confundido com um auditor.
O congresso brasileiro recebe novatos bastante inusitados. Um palhaço profissional, chamado Tiririca, venceu as eleições de 2010 num voto de protesto. O boxeador Acelino de Freitas, conhecido como Popó, e dois jogadores de futebol, Danrlei de Deus Hinterholz e Deley de Oliveira, completam uma lista de ex-atletas profissionais que hoje atuam na política.
Mas nenhum possui a estrela de Romário, cuja jornada da boca do gol à Câmara de Deputados permanece impressionante, até mesmo para ele. A incursão na política, segundo ele, só fez sentido após a chegada de seu sexto filho, a menina Ivy, que nasceu em 2005 com síndrome de Down.
Ele conta que seus primeiros momentos após ser informado da doença foram terríveis, e ele se perguntava: "O que foi que eu fiz? Estou pagando por algum pecado de meu passado?" Sua esposa, Isabella Bittencourt, acalmou-o dizendo que Deus lhes havia enviado Ivy.
Em retrospecto, hoje ele diz que sua filha o ajudou a amadurecer, oferecendo um propósito como político. Após juntar-se ao Partido Socialista, ele começou a focar nos direitos dos deficientes e sua contribuição foi fundamental para a aprovação de uma lei, intitulada em homenagem à sua filha, criando subsídios especiais para portadores de deficiências.
"Finalmente me acostumei com Brasília", afirmou ele sobre a capital, explicando que levou meses para captar a importância das regras arcanas de senioridade e decoro no congresso.
Ainda assim, os longos e prolixos discursos de colegas parlamentares o aborrecem – assim como sua visão aparentemente descontraída sobre o trabalho no legislativo. "Estou em Brasília há três semanas e nada acontece", escreveu Romário no Twitter em fevereiro. "Será que o ano realmente começa após o carnaval?"
Membros novatos do congresso não deveriam fazer declarações como essa sobre seus colegas, o que talvez explique parte da admiração conquistada por Romário fora de Brasília. Chamando-o de "uma voz no deserto", a escritora Lya Luft louvou sua coragem num artigo sobre a prestação de contas na política brasileira.
As críticas de Romário ao sistema político brasileiro se intensificaram nas últimas semanas, quando ele atacou os preparativos do país para a Copa do Mundo de 2014 – processo que vem sendo marcado por escândalos de corrupção, atrasos nas obras e greves de trabalhadores na construção dos estádios.
Irritando a FIFA, a federação internacional de futebol, os parlamentares brasileiros também brigaram por meses sobre uma controversa lei instaurando a estrutura legal para a Copa do Mundo, com autoridades brasileiras discutindo a possibilidade de vender bebidas alcoólicas nos estádios. Jerome Valcke, secretário-geral da FIFA, enfureceu as autoridades esportivas brasileiras ao citar os atrasos com uma frase polêmica – pedindo um "chute no traseiro" para colocar as coisas em movimento. Embora o senado tenha finalmente aprovado a lei da Copa do Mundo, em maio, Romário declarou que infelizmente tinha de concordar com Valcke.
"Ele está totalmente certo", afirmou Romário, mesmo reconhecendo que algo pode ter se perdido na tradução das palavras do secretário-geral. "O Brasil está muito atrasado e precisa acordar", continuou ele. "Nós brasileiros, feliz ou infelizmente, deixamos muita coisa para o último minuto. Isso significa que muito dinheiro será roubado de nossos bolsos."
Romário, explicando seu temor de que as construtoras poderiam estar atrasando propositalmente os projetos para contornar normas de auditoria e licitações, não está sozinho em expressar preocupação com os preparativos do Brasil. Porém, sua proeminência no mundo do futebol e sua origem nas favelas do Rio fazem com que suas opiniões se sobressaiam.
Nascido na favela do Jacarezinho, ele se mudou para a Vila da Penha aos 3 anos. Recrutado ainda adolescente para jogar pelo Vasco da Gama, ele seguiu carreira na Europa, jogando na Holanda, para o PSV Eindhoven, e na Espanha, para o Barcelona.
Deixado de lado na Copa de 1990 devido a um tornozelo inchado, ele alcançou a grandeza na vitória do Brasil em 1994 – agitando triunfalmente a bandeira brasileira da cabine do DC-10, fretado que trouxe a seleção nacional de volta para casa.
O Brasil também comprovou o senso de merecimento do jogador após um escândalo sobre a decisão, por parte das autoridades fiscais, de permitir que o time vitorioso voltasse com televisores, churrasqueiras, computadores e outros itens – tudo sem pagar nenhum imposto. "Nós representamos o Brasil", argumentou ele na ocasião. "Se não liberarem minha bagagem, devolvo minha medalha."
A disposição de Romário para falar sem rodeios, muitas vezes empregando gírias das ruas do Rio, elevou sua notoriedade. Cultivando alguns rancores até hoje, ele mantém uma eterna rixa com Pelé, que questionou a validade de sua contagem de mil gols.
"Quando Pelé fica quieto, ele é um poeta", declarou Romário. "Mas quando abre a boca, não acrescenta nada."
Apesar dos ternos feitos sob medida, óculos e outros adornos do poder em Brasília, Romário afirma ainda ser o mesmo homem que corria para cima e para baixo no campo. A controvérsia parece gostar dele – como quando sua habilitação foi apreendida numa batida policial, no ano passado, depois que ele se recusou a fazer o teste do bafômetro.
"Era o meu direito recusar", explicou Romário – que mais tarde na mesma noite foi fotografado numa casa noturna carioca.
Segundo Romário, o enxaguante bucal Listerine poderia ter indicado erroneamente que ele havia bebido, e insistiu que ele raramente se entrega a qualquer bebida alcoólica além de uma ocasional taça de prosecco. Além disso, ele disse que havia proposto recentemente uma lei para tornar os testes de bafômetro obrigatórios em casos suspeitos de embriaguez ao volante.
Embora suas visões sobre a vida política tenham evoluído – ou estejam pelo menos em transformação –, suas opiniões sobre o futebol permanecem teimosas como sempre.
Ele ainda acha que os grandes goleadores merecem mais privilégios que outros jogadores. Ele elogia os talentos de alguns atacantes, incluindo o brasileiro Neymar da Silva Santos Junior, Lionel Messi, da Argentina, e Cristiano Ronaldo, de Portugal. Mesmo assim, respeito relutante é uma coisa; humildade é outra.
Quando questionado se esses excepcionais atacantes possuem seu nível de talento, ele respondeu que não. "Eles são ótimos jogadores, mas não são nenhum Romário", explicou.
"Para entrar pra história como Romário", prosseguiu ele, referindo-se a si mesmo na terceira pessoa, como é seu costume, "eles precisam vencer uma Copa do Mundo".
Com essas palavras, ele voltou os olhos às areias da Praia do Pepe. Um jogo de futevôlei, o esporte brasileiro que combina futebol e vôlei e exige uma destreza espantosa, o chamava. Era sexta-feira, afinal, e os corredores doe poder em Brasília pareciam muito distantes.
Ele insistiu que era o mesmo Romário de sempre, e que seu apetite pelas escapadas noturnas e brigas públicas permanecia forte. Mas num raro lampejo de introspecção, ele também reconheceu que essas ações trazem consequências.
"Eu pago minhas contas", concluiu ele. "E sinto a minha dor."
Não resta a menor dúvida de que o “baixinho” é complicado e ronhento/dificil, mas, assino embaixo em 90% do que ele fala. Fico somente pensando se estas viagens a Brasilia não estão lhe fazendo mal, pensando que somos todos ingênuos ou estúpidos com esta história do Listerine e do proseco, não tem mal nenhum em se tomar uns tragos, mais se tem que ter responsabilidade, além de dinheiro e notoriedade, tem que ter vergonha, portanto, dar este "Miguel", pega mal,  leve um motorista, afinal meu camarada, dinheiro não é problema para quem é mais um dos Deputado Federal que tem um dos maiores salários do mundo.
Este negócio de abrir a boca e dizer uma coisa e fazer outra já passou, a verdade vem à tona, cedo ou tarde. Pois ainda lembro sobre o pagamento da “pensão alimentícia”, de preços de carros subfaturados, declaração de imposto de renda falsa, pagamento de condomínio, leilão de bens, etc., agora que o povo lhe deu o mandado, no mínimo o que tens afazer é ser digno e honrar esta confiança.
Por Simon Romero, The New York Times News Service/Syndicate. The New York Times News Service/Syndicate – Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito do The New York Times._NYT_
Comentário: Roberto Queiroz. Tradução: Roberto Queiroz e Roberto Queiroz Junior.

Rio de Janeiro - During his career in football for decades, Romario de Souza Faria, beloved trickster of the beautiful game in Brazil, was fond of provocations. He partied until dawn while their companions was at the club at concentration, fighting with fans, at night life and repeatedly belittled the King Pele and always complained of having to train.
"If I become a coach in the future?" he once said, before scoring his thousandth goal and retire. "No way. I could never handle a guy like me." Of course, even then he ended up coaching for a while his former club Vasco da Gama.


Today, however, Romário has been shaking Brazilia in a new area: politics.


Elected to Congress in 2010, Romario, 46 ​​years and various sporting white hair, has emerged as one of Brazil's most outspoken lawmakers, defending the rights of disabled people and offering sharp criticism on the Brazilian political culture and its preparations for the FIFA 2014 World Cup.

And even more surprising, Romario - who used to say that his fellow selection came to train at the same time that he returned from the night life, the clubs - also among the most hardworking politicians in the country, having an almost perfect attendance record.
"The trend is all evolve," Romario said in a recent interview in its coverage in Praia do Pepe, one of the most exclusive stretches of sand in Rio de Janeiro.
In fact, Romario seems to have adopted such personal change that passersby sometimes need to look twice to recognize it. Glasses and almost always in a black suit, the former striker of 1.65 meters, whose nickname is still "Shorty," could almost be mistaken for an auditor.

The Brazilian congress gets beginners very unusual. A professional clown named Tiririca won the 2010 elections a protest vote. The boxer Acelino Freitas, known as Popó, and two football players, Danrlei of Deus Hinterholz and Deley de Oliveira, they are a complete list of former professional athletes today in politics.

But none has the star like Romario, whose journey from the mouth of the goal to the House of Representatives remains impressive, even for him. The foray into politics, he said, made sense only after the arrival of her sixth child, the girl Ivy, who was born in 2005 with Down syndrome.

He said his first moments after being told of the disease were terrible, and he wondered: "What did I do? I'm paying for some sins of my past?" His wife, Isabella Bittencourt, calmed him by saying that God had sent Ivy.
In retrospect, he now says his daughter helped him to mature, providing a purpose as a politician. After joining the Socialist Party, he began to focus on the rights of disabled people and their contribution was instrumental in passing a law, called in honor of his daughter, creating special allowances for people with disabilities.

"Finally I got used to Brasilia," he said of the capital, explaining that took months to capture the importance of the arcane rules of seniority and decorum in Congress.

Still, the long-winded speeches and parliamentary colleagues hate him - as well as his vision apparently relaxed about the work in the legislature. "I'm in Brasilia for three weeks and nothing happens," Romario wrote on Twitter in February. "Did the year really begin after the carnival?"

New members of Congress should not make statements like this about his colleagues, which may explain part of the admiration won by Romario outside Brasilia. Calling it "a voice in the wilderness," the writer Lya Luft praised his courage in an article on accountability in Brazilian politics.

Criticism of Romario the Brazilian political system intensified in recent weeks, when he attacked the country's preparations for the World Cup 2014 - a process that has been marked by corruption scandals, construction delays and strikes by workers in the construction of stadiums .

Annoying FIFA, world football federation, the Brazilian parliamentarians also fought for months over a controversial law which established the legal framework for the World Cup with the Brazilian authorities discussing the possibility of selling alcoholic beverages in the stadium. Jerome Valcke, secretary general of FIFA, angered the Brazilian sports officials citing delays with a controversial statement - calling for a "kick in the ass" to put things in motion. Although the Senate has finally approved the law of the World Cup in May, Romario said that unfortunately had to agree with Valcke.

"He's absolutely right," said Romario, recognizing that something may have been lost in the translation of the words of Secretary-General. "Brazil is long overdue and needs to wake up," he continued. "We Brazilians, fortunately or unfortunately, leave much to the last minute. This means that much money will be stolen from our pockets."

Romario, explaining his fear that the building could be purposely delaying projects to circumvent accounting standards and bidding, is not alone in expressing concern about the preparations of Brazil. However, its prominence in the world of football and its origin in the favelas of Rio make their views stand out.

Born in the Jacarezinho slum, he moved to Vila da Penha when was three years older only. Recruited as a teenager to play for Vasco da Gama, he started a career in Europe, playing in Holland for PSV Eindhoven, and Spain, for Barcelona also.

Set aside in the 1990 World Cup due to a swollen ankle, he achieved greatness in Brazil's victory in 1994 - Brazilian flag waving triumphantly to the cabin of the DC-10, chartered to bring the national team back home.

Brazil has also demonstrated the sense of entitlement of the player after a scandal over the decision by the tax authorities, to allow the winning team came back with televisions, barbecues staff, computers and other items - all without paying any tax. "We represent Brazil," he argued at the time. "If you do not release my luggage, I will give back my medal."

The provision of Romario to speak bluntly, often using slang from the streets of Rio, increased its notoriety. Cultivating some grudges to this day, he keeps an eternal feud with Pele, who questioned the validity of your score a thousand goals.

"When Pele is quiet, he is a poet," said Romário. "But when opens his mouth, adds nothing."

Despite the tailored suits, glasses and other trappings of power in Brasilia, said Romario still be the same man who ran up and down the field. The controversy seems to like him - like when your license was seized in a raid last year, after he refused to take breathalyzer test.

"It was my right to refuse," said Romario - who later the same night he was photographed at a nightclub in Rio.

According to Romario, the mouthwash Listerine could have erroneously stated that he had drunk, and insisted that he rarely indulges in any alcoholic beverage and an occasional glass of prosecco wine. Moreover, he said he had recently proposed a law to make mandatory breathalyzer tests in suspected cases of drunk driving.

Although his views on politics have evolved - or at least are changing - their opinions on the game remain stubborn as ever.

He still thinks the big ballers deserve more privileges than other players. He praises the talents of some attackers, including the Brazilian Neymar da Silva Santos Junior, Lionel Messi of Argentina and Cristiano Ronaldo, Portugal. Even so, grudging respect is one thing, humility is another.

When asked if these attackers have their exceptional level of talent, he said no. "They are great players, but are not like Romario," he said.
"To go down into history as Romario," he continued, referring to himself in third person, as is his custom, "they need to win a World Cup."

With these words he turned his eyes to the sands of Praia do Pepe. A game of foot volley, wait to start. Brazilian sport that combines football and volleyball and requires an astonishing dexterity, and called him. It was Friday, after all, and runners can donate in Brasilia seemed very distant.

He insisted that Romario was the same as ever, and that his appetite for nightly escapades and fights public remained strong. But in a rare flash of insight, he also recognized that these actions bring consequences.
"I pay my bills," he concluded. "And I feel my pain."

There is little doubt that the "little short" (Romário, nick name) is complicated and tuff, but I subscribe below 90% of what he speaks. I'm just thinking if they traveling to Brasilia are not doing him wrong, thinking that we are all naive or stupid with this history of Listerine and proseco, has no harm in taking a few drinks, but you have to take responsibility, as well as money and notoriety, it has to be ashamed, therefore, take a private driver, after my buddy, money is no problem for anyone who is now a Federal Deputy and has one of the highest salaries of the political career in the world.

This business to open your mouth and say one thing and doing another has passed; the truth comes out sooner or later. Well I still remember on the problems with payment of "child alimony", price under values for sale your cars, declaration of false income tax, payment of condominium later, auction of his possessions, etc..,
Now that the people gave him the mandate as a Federal Deputy, at least what you have to do now is to be worthy of that trust and honor.

By Simon Romero, The New York Times News Service / Syndicate. The New York Times News Service / Syndicate - All rights reserved. It is forbidden any kind of reproduction without written permission of The New York Times._NYT_
Comment: Roberto Queiroz. Translation: Roberto Queiroz and Roberto Queiroz Junior.

Nenhum comentário:

Postar um comentário