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23 de janeiro de 2014

Rosell deixa o Barcelona após 'caso Neymar' e fala em 'inveja e injustiça'

Eram cerca de 150 jornalistas na sala de imprensa do Barcelona, no Camp Nou. Todos à espera de uma confirmação, de umas poucas palavras que poderiam se resumir em uma frase: Sandro Rosell renunciou à presidência do Barcelona.

Era para ser uma entrevista coletiva. Mas não houve perguntas, e não há entrevista sem perguntas.

Houve, sim, um comunicado, um pronunciamento. 4 minutos e 44 segundos em que Rosell falou de sua família, do que aconteceu em seu mandato e desclassificou as acusações feitas sobre si.

"Naquele dia de 2010, houve uma festa democrática que reforçou a grandeza do nosso Barcelona. Nestes quatro anos, entendi como é ser barcelonista. Nestes quatro anos vencemos duas Ligas, uma Champions um Mundial", disse.

"Ao time que ganhava com Ronaldinho e depois passou a ganhar com Messi, somou-se uma gestão econômica eficiente. Além disso, hoje temos o sonho de erguer nosso novo estádio sobre o nosso Camp Nou", afirmou.

"Nos últimos dias, vejo uma injusta e temerária acusação contra mim sobre a contratação de Neymar. Muita delas por ataques injustos de gente que tem inveja de nós. Por isso, decido que meu momento acabou. De forma irrevogável, estou deixando a presidência. Foi um privilégio ser presidente do Barcelona e desejo o melhor ao novo presidente, Josep Maria Bartolomeu. Obrigado a todos, viva o Barcelona e viva a Catalunha.", concluiu.

A decisão foi pensada no início da semana, ganhou força na quarta-feira e foi finalmente tomada nesta quinta, após uma reunião com a cúpula diretiva do clube.

A pessoas próximas, Rosell afirmou que não se via em condições de comandar o clube enquanto estivesse envolvido nas investigações do ‘caso Neymar'. O agora ex-presidente é acusado de apropriação indébita de capital da transferência do jogador brasileiro.

A primeira denúncia contra Rosell foi feita no início de dezembro, por Jordi Cases, sócio do clube e membro da oposição. Na época, Cases afirmava que 40 milhões de euros do negócio com Neymar não estavam declarados oficialmente pelo Barcelona.

Na segunda-feira, 20 de janeiro, o diário madrilenho El Mundo publicou uma reportagem em que denunciava fato semelhante: a operação que levou o brasileiro ao clube espanhol teria custado 95 milhões de euros e não 57 milhões, como anunciado pelo Barcelona.

No mesmo dia, durante entrevista coletiva para falar sobre a reforma do Camp Nou, Rosell foi interrogado insistentemente sobre a denúncia. Como em todas as declarações anteriores, disse que Neymar havia custado 57 milhões, colocando-se à disposição para dar explicações ao juiz Pablo Ruz, que investiga o caso.

Na quarta-feira, a Justiça Espanhola confirmou que havia aceitado a denúncia de Jordi Cases contra Sandro Rosell. O Barcelona, como resposta, deu início a uma solicitação para que o caso fosse transferido para a Catalunha, alegando que em Madri há muitas partes interessadas em prejudicar o clube.

Em sua edição desta quinta-feira, o jornal La Vanguardia publicou reportagem dizendo que Sandro Rosell pensava em deixar o cargo em breve. A notícia repercutiu nos principais meios de comunicação espanhóis e, nesta segunda-feira, o presidente reuniu a cúpula diretiva do clube para debater sobre o futuro.

Decisão tomada, o clube divulgou para a imprensa que haverá uma reunião com toda a junta diretiva. Neste encontro, Rosell anunciou a decisão de renunciar ao cargo de presidente do Barcelona.

Restava o anúncio oficial, que veio diante de jornalistas de todo o mundo, em forma de um comunicado. Sandro Rosell renunciou à presidência do Barcelona.

O cargo, agora, fica nas mãos do então vice-presidente esportivo, Josep Maria Bartolomeu, que ocupará a posição até o fim do mandato.

Agora o caso não está nas mãos do novo presidente, mas, nas mãos da Policia Federal e da Receita, onde estão investigando. Seria muito interessante ter isto no Brasil, até porque as maiorias dos dirigentes de nossos clubes renunciariam.


E então o nosso futebol poderia ter uma chance de ser profissional e ter transparência e ser também o melhor do mundo fora dos campos, porque dentro já o é e faz tempo. 

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