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30 de outubro de 2012

MAIS CARO, O FUTEBOL SUPERA TAXAS DE INFLAÇÃO E PESA NO BOLSO DO TORCEDOR / THE FOOTBALL, MORE EXPENSIVE BEATS INFLATION RATES AND WEIGHS THEY SUPPORTERS POCKET


O torcedor que deseja acompanhar o seu time de perto deve, cada vez mais, cortar outros gastos. Ir a um estádio de futebol no país torna-se um programa gradativamente mais oneroso. De dezembro de 2008 pra cá, a média do ingresso aumentou 52% (o preço médio do bilhete pulou de R$ 15,7 para R$ 23,8). Enquanto isso, o IPCA (índice oficial da inflação) registrou um aumento de 21,8% no período. Fora isso, o torcedor é obrigado a gastar mais com outros produtos e serviços que envolvem a ida a um campo de futebol.

É comum, por exemplo, o torcedor tomar uma cerveja antes ou depois de uma partida. E em 2012, com o imposto elevado, a cerveja apresentou uma alta de cerca de 9,90% (segundo levantamento da Folha de S. Paulo com base em dados do IBGE). Alimentar-se na rua também exige um gasto maior. A refeição fora de casa avançou na casa de 6,08%. O estacionamento, por sua vez, aumentou 7,99%. Até mesmo parar o carro na rua está mais caro. Na informalidade, os vigias abusam dos preços para dar 'uma olhada' no veículo. Os produtos e serviços citados tiveram, de janeiro a setembro, aumentos superiores ao IPCA (3,77%).

Para Julio Cesar Casares, vice-presidente de Comunicações e Marketing do São Paulo, tal elevação no custo do 'programa futebol' é um fator natural, e representa uma tendência para o futuro.

"Eu vejo como um fator natural, faz parte do engrandecimento do espetáculo, que passa a ter um custo maior. É uma realidade. Os setores especiais ficam para as famílias com melhores condições financeiras, mas sem prejuízos de ter um setor popular, como é o caso do Morumbi, onde tal espaço está sempre 70, 80% ocupado. O São Paulo se preocupa com todas as categorias. Mas o custo tem ficado mais oneroso sim, é uma tendência", opina Casares.

Os investimentos que o Brasil tem feito em estádios de futebol, em vários casos por conta da Copa do Mundo de 2014 no país, reforçam a tendência apontada por Julio Cesar Casares.

"O maior conforto nos estádios leva a cobrar um pouco mais no consumo per capita. O estádio, em muitos casos, será uma arena multiuso, com restaurantes, lojas e outras novidades de serviços. Passa a ser não apenas um jogo de futebol, mas uma programação completa", diz Casares.

"O cobertor do torcedor é curto: camisa, ingresso, sanduíche, estacionamento...quando coloca na conta, existe uma tendência de que o futebol (no estádio) fique cada vez mais voltado para as classes A, B e, em menor escala, C. A tendência para as outras classes é mais voltada para o espetáculo na televisão. Estes torcedores têm condições de ir ao estádio em alguns jogos, mas não de acompanhar um número grande de rodadas", completa.

O fato é que o aumento dos preços dos produtos e serviços contribui, decisivamente, para a diminuição do público nos estádios. O torcedor já pensa duas vezes antes de ver de perto sua equipe do coração.

Obviamente que outros aspectos importantes entram na conta, como violência, horário dos jogos, transportes, etc. De qualquer modo, a média de público do Campeonato Brasileiro de 2012 é a menor dos últimos anos - mesmo com alguns programas de sócio-torcedor dos clubes amadurecendo. Basta olhar os dados disponibilizados pela CBF: 16.992 pessoas nos estádios (Brasileiro de 2008), 17.807 (2009), 14.839 (2010), 14.976 (2011) e 12.642 (2012).

"(Para aumentar o público nos estádios) Tem que ser um conjunto de fatores. O primeiro é um espetáculo em horário mais adequado. Mas claro que a televisão paga e a gente entende, ela precisa atender a sua grade de programação. Os setores populares tem que ter o ingresso mais barato, fazer promoções, eventos que possam atrair os torcedores. Mas é difícil reverter a curva. É importante também a competitividade do campeonato. Com os primeiros colocados despregando dos demais, fica aquela zona intermediária, de quase interesse nenhum. Isso é complicado. Quando você tem um campeonato mais equilibrado, a bilheteria responde mais", avalia Julio Casares.

A bilheteria, porém, não é nem de perto a principal fonte de receita dos clubes de futebol já há algum tempo. Talvez por isso, os clubes não estejam concentrando tantos esforços no sentido de atrair mais torcedores ao estádio. Até porque o preço elevado dos ingressos ajuda bastante na arrecadação das agremiações.

"Nos anos 60, 70, a bilheteria era a principal receita. Hoje, ela é apenas a quarta, quinta, depende do clube. O futebol, atualmente, é um espetáculo voltado mais para a audiência televisiva do que um espetáculo in loco", arremata o dirigente são-paulino.

Existem fatores que influenciam este esvaziamento dos estádios e certamente que os preços atualmente praticados deixam, e muito, a desejar. A nosso ver, os clubes já estão tentando equiparar os preços que devem ser cobrados com as novas praças, que deverão trazer mais conforto, segurança e praticidade. Se deixarem para atualizar os preços de uma só vez, deverão enfrentar vários problemas, inclusive com o próprio PROCOM.

Mas, infelizmente temos outros fatores que influenciam esta inflação, e em primeiro lugar, destaco os clubes mal administrados, inflacionaram o mercado brasileiro, nas contratações, com salários que não condizem com a realidade brasileira, qualquer jogador agora de primeira divisão quer um piso de 50.000 reais. Também, marcam bobeira indo ao encontro de jogadores em fim de carreira, com contratos mirabolantes, sem serem ligados a essa realidade, como por exemplo, o contrato do Vasco e Juninho Pernambucano, que limitam seu salário ao seu rendimento e ele é um atleta que se cuida e em contra partida, o clube cuida de seu futuro e de suas contas, uma parceria saudável e com os pés no chão.

A maioria dos clubes esqueceu-se de olhar suas bases e alguns nem tem centro de treinamento e quando tem, não tem os cuidados certos para esta juventude, que são tratados irresponsavelmente. Mas depois vão ter que correr e muito para conseguir se equilibrar no mercado, e seus orçamentos deverão continuar no vermelho e por longo tempo, pensando que podem enganar os torcedores indefinidamente.

O futuro do futebol brasileiro, deverá sofrer e muito com esta curva ascendente de gastos sem responsabilidade por parte de presidentes sem experiência e sem entendimento sobre o futebol. Estamos vendo um completo rompimento do que é e do que não pode nem deveria ser, e isto quem deverá pagar é o futebol brasileiro, sem dúvidas.

Por Felipe Alencar, do ESPN.com.br,  Foto: Divulgação.
Comentário: Roberto Queiroz. Tradução: Roberto Queiroz e Roberto Queiroz Junior.

The fan who wants to follow they team closely, should increasingly the budget, and cut other spending needs. Going to a football stadium in the country becomes a more costly program gradually.

From December 2008 until now, the average ticket increased by 52% (the average ticket price jumped from R $ 15.7 to $ 23.8). Meanwhile, the IPCA (official inflation index) recorded an increase of 21.8% in that period. Otherwise, the fan is forced to spend more on other products and services that involve going to a football field.

It is common, for example, the supporter drinks a beer before or after a game. And in 2012, with the high tax, the beer had a high of about 9.90% (according to a survey of the Folha de S. Paulo based on data from IBGE). Eating on the street also requires a greater expense. The meal progressed away from home at the home of 6.08%. The parking, in turn, increased 7.99%. Even stop the car on the street is more expensive. In informality, the guards abuse their prices to give 'a look' in the vehicle. The products and services mentioned had, from January to September, increases above the IPCA (3.77%).

To Julio Cesar Casares, Vice President of Communications and Marketing of São Paulo, this increase in the cost of 'football program' is a natural factor, and represents a trend for the future.

"I see it as a natural factor, is part of the aggrandizement of the show, which is replaced by a higher cost's, a reality. Sectors are special for families with better financial terms, but without loss of having a popular sector, as is the case of Morumbi, where such space is always 70, 80% occupied. São Paulo FC cares about all categories. But the cost has been more costly yes, it is a trend, "opines Casares.

The investments that Brazil has done in football stadiums, in many cases because of the World Cup of 2014 in the country, reinforcing the trend pointed out by Julio Cesar Casares.

"The greatest comfort in stages leads to charge a little more in per capita consumption”. The stadium, in many cases, is a multipurpose arena, with restaurants, shops and other news services. Becomes not just a football game, but a full day schedule, "says Casares”.

"The supporter is in short blanket: shirt, ticket, sandwich, parking ... when you put in the account, there is a tendency in our football (the stadium) is increasingly facing the classes A, B and, to a lesser extent, class C. The trend for the other classes is more focused on the spectacle on television. These fans are able to go to the stadium in some games, but not to track a large number of rounds, "he adds”.

The fact is that the increase in prices of goods and services contributes decisively to the decrease in the public stadiums. The fans already think twice before watching closely his team's heart.

Obviously, other important aspects come into account, such as violence, schedule of games, transport, etc. Anyway, the average attendance of the Brazilian Championship of 2012 is the lowest in recent years - even with some programs of socio-fan clubs maturing. Just look at the data provided by CBF: 16,992 people in stadiums (Brazilian 2008), 17,807 (2009), 14,839 (2010), 14,976 (2011) and 12,642 (2012).

"(To increase the public in stages) has to be a combination of factors. First is a spectacle more appropriate time. But of course the pay television and we understand them needs to meet its program schedule. Sectors popular has they have the cheaper ticket; do promotions, events that may attract fans. But it is difficult to reverse the curve’s, also important to the competitiveness of the league. Finishers with the unfolding of the others, is that middle zone of almost no interest. This is complicated. When you have a more balanced league, the ticket office is more responsive, "said Julio Casares.

The ticket, however, is nowhere near the main source of revenue for football clubs for some time now. Perhaps this is why the clubs are not concentrating many efforts to attract more fans to the stadium. So why the high price of tickets is very helpful in collecting clubs.

"In the 60s, 70, was a major box office revenue. Today, is only the fourth, fifth, depends on the club budget. Football today is a show geared more for the television audience than a show on the spot," finishes off the leader in the São Paulo club.

There are factors that influence this emptying of the stadiums and certainly the prices currently charged leave much to be desired and, in our view, the clubs are already trying to equate the prices to be charged with new squares, which should bring more comfort, safety and practicality. If you fail to update their prices once, will face several problems, including with the PROCOM, organ federal to regulate the higher prices.

But unfortunately we have other factors that influence this inflation, and firstly highlight the clubs mismanaged, inflated the market, in players contracts, with salaries that do not match with the Brazilian reality, any first division player now wants a floor of 50,000 reais per month + bonuses. Also, mark silliness going to meet players at the end of his career, with outlandish contracts, without being connected to this reality, such as the contract and Vasco's and Juninho Pernambucano, who limited his salary to his appearances in games and he is an athlete who take care his own life outside the field and against departure, the club takes care of the future and budget, a partnership healthy and grounded.

Most clubs forgot to look at their youth bases and some clubs even have training center and when you have not got the right care for these youth department, and also who are treated with irresponsibly. But then they have to run and hard to get to balance the club at the market, and their budgets should stay in red and continue for a long time, they are thinking can fool the fans indefinitely.

The future of Brazilian football, and will suffer greatly from this rising curve of spending without responsibility on the part of presidents with no experience and no understanding of football means. We are seeing a complete breakdown of what is and what cannot is and should be, and this is who should pay are the Brazilian football, I have no doubt.

By Felipe Alencar, the ESPN.com.br, Photo: Disclosure.
Comment: Roberto Queiroz. Translation: Roberto Queiroz and Roberto Queiroz Junior.

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