Em blog, britânica relata experiências no Brasil
Quando cheguei ao Rio, levei
um choque. Maior do que o cultural foi o "choque de preços".
Por ser estrangeira, muita
gente parte do pressuposto de que dinheiro não é um problema para mim. Quando
veem o telefone celular simples que carrego, sempre se surpreendem e perguntam
se não vou comprar um melhor.
Talvez",
respondo, sabendo que, na verdade, não vou. Artigos eletrônicos no Brasil
custam quase o triplo do preço cobrado na Inglaterra, mas as pessoas sempre me
dizem que dá-se um jeito pagando em parcelas.
Mas
não confio muito em preços que desfilam na sua frente fantasiados de barganha.
Vai sempre sair mais caro no fim das contas. Juros embutidos, diriam os de
mente mais matemática.
Além
de minha falta de confiança no sistema de parcelas, já estourei meu orçamento
deste mês com uma conta médica astronômica para os meus padrões. Tive um caso
simples de infecção alimentar e saí de um médico em Ipanema com uma conta de R$
600.
Eleanor se surpreendeu com os preços elevados cobrados no
Rio de Janeiro
Outros
custos menos abonadores também pesam no meu bolso. Das saídas noturnas ao
biquini absurdamente caro apesar da pouca lycra usada. Moro no Brasil há dois
meses, mas ainda me pergunto constantemente qual o preço "certo" a se
pagar em situações do dia a dia.
Talvez
o que eu identifique como uma dificuldade por ser estrangeira também seja uma
sensação que mesmo vocês sintam. O fato é que a frase "Eu moro aqui. Não
me cobre preço de turista, por favor!" está virando meu mantra.
Outra
coisa que me deixa chocada é o alto preço do metrô. Antes o chão não fosse de
granito e o preço fosse mais baixo.
Na
estação Arcoverde, no Rio de Janeiro, pago até R$ 3,50 por um bilhete único. É
menos do que um bilhete em Londres, mas talvez a melhor comparação venha da
própria América Latina.
Na
Cidade do México, onde vivi nos últimos seis meses, pagava menos de um terço
deste valor, ou seja, o equivalente a R$ 0,90. E isso depois de um aumento que
gerou uma série de protestos em dezembro.
E as
surpresas não param por aí. No Brasil, o preço de um bilhete de ônibus pode ser
quase tão caro quanto o de um bilhete aéreo em distâncias mais longas.
Fiz
uma pesquisa de preços para ir do Rio a Salvador no dia 21 de março e encontrei
uma passagem da GOL por R$ 325,90, portanto, apenas um pouco mais cara do que
os R$ 320 que a Viação Itapemirim cobrava pela passagem de ônibus no mesmo dia.
Em
todos os países que já conheci, passagens de ônibus são mais baratas do que
passagens aéreas. Onde está a opção econômica no Brasil?
Diante
de toda esta minha frustração, foi um grande achado descobrir a campanha
$urreal, uma ótima ferramenta para consumidores.
Só
espero que a campanha e as iniciativas de boicote a estabelecimentos que cobram
preços abusivos não sejam apenas uma moda de verão.
Isoporzinhos
e farofas deveriam virar um elemento constante na cultura da cidade. Pechinchar
e reclamar de preços precisam ser a "norma". Se não, preços surreais
é que serão.
Pois é até os nativos estão achando que as
coisas saíram de controle e realmente estamos sendo saqueados descaradamente.
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